30/04/2007

Vem a mim

Vem a mim sã e querida loucura. Desta vez não te deixarei ficar mal. Vou soltar-me, correr para a liberdade e não mais abandoná-la. Vou fugir deste cativeiro que a mim me impus por viver num mundo infértil e violento. Que se foda a segurança, que recaia, então, brutalmente sobre mim a crua realidade da mortalidade. Quero acordar! Acordar deste sono protector, solitário. Para quê sobreviver se não se vive acordado. É-me urgente viver! E não preciso de alarmes, obrigações ou disciplina. Sei bem o que faço aqui. O louco romântico que há em mim continua bem vivo e não é um mundo de porcos, gordos e ofegantes, preversos e ressabiados, reprimidos e impotentes que me vai parar. Não, a mim não! Quem se puser à frente, que me chupe a pila, como tão bem costumo dizer quando vagueio bêbado e inconformado por móbidas ruas.

Brilho no olhar

Nunca num tão curto espaço de tempo inalei tanta energia do mundo. Ando como que enebriado, como que estupidamente lúcido. Apaixonei-me! E foi-me tão fácil e foi-me tão facilitado.
Ah! Doce explosão... Ah! Violência fecunda...
Vislumbrei uma harmonia terrena: identidades, afectos, ideias e caminhos concretos como também nunca me acontecera.
O desejo maior que o medo, a vontade maior que a culpabilidade. Bruta e doce energia voa e goza estes vastos e belos horizontes!

27/04/2007

Às vezes abro a janela e vejo

Às vezes abro a janela e vejo-me. Vejo-me a caminhar por ruas desconhecidas sozinho, à procura de algo com uma pala no olho esquerdo. Observo a minha forma de estar tão variada, por vezes galopante e sorridente, outras vezes rastejante e apagado; sempre a andar, em constante procura a tentar descobrir a verdade, a tentar ver as respostas, a combater com um único olho disponível, e mesmo esse olho encontra-se baço e com a visão enublada. Observo-me então, cá de cima, e noto o constante movimento ao qual me entrego, vejo-me perdido por ruelas estranhas a tentar desesperadamente encontrar o caminho certo, o meu caminho; vejo-me a saltar alegre e enérgico quando descubro uma rua iluminada; vejo-me à procura com perseverança e sinto-me.

ps: começar um texto com "às vezes abro a janela e vejo"

ps2: todos estes textos são escritos no máximo em dez minutos e requeridos no momento. Devem ter, portanto, alguns erros frásicos e de discurso e algumas repetições porque são sempre escritos a uma grande velocidade e sem grandes preocupações lógicas.
Espero que gostem.

20/4/2007

10 palavras no céu


O céu acompanha a minha incessante procura, caminha a meu lado enquanto desenho o meu percurso como um inocente andarilho, esperançoso e sem rumo. São tantas as vezes que o meu coração me pede para voar, é tão forte o desejo de conhecer e de tocar a liberdade, mas a minha asa está danificada…nem sempre há condições para agir realmente. Paro no espaço para repousar; o amor visita-me em sonho diariamente mas nem sempre o consigo olhar nos olhos. Viro a minha atenção para o mar, como resposta à minha actual incapacidade, e assimilo o que este me oferece sem pedir nada em troca. Sete barquinhos à vela deslizam pela dócil e brilhante água do meu oceano fluidamente, cada um com suas ideias e seus sonhos, cada um com sua especial particularidade. Envolto em nostalgia, com os olhos humedecidos e um leve sorriso no canto dos lábios observo a beleza que me conforta a alma. Estico a minha mão esquerda bem alto e aceno afirmativamente em direcção aos bravos pescadores que por lá divagam, confortável e saudoso.


ps: encaixar as seguintes dez palavras num texto - céu, desenho, asa, coração, sete, amor, andarilho, mão, olhar, mar. Escreve!

13/4/2007

o som e a casa

Desbravava pela selva sozinho, a um ritmo constante, à procura da casa que havia perdido há uns tempos. Caminhava pela húmida terra descalço e de tronco nú; as laranjeiras e os verdes arbustos que pautavam o seu caminho pareciam acordados, molhados e iluminados, cantavam juntamente com o vento uma bela canção, nostálgica e melosa, que o acariciava docemente com sua querida melodia. Sentia-se unido com a sua envolvente ao desbravar por aquela bela selva e esquecia-se da casa que inicialmente procurava. Agora só caminhava, e caminhava, e vivia. Foi ao libertar-se da casa que havia perdido que se sentiu livre, mas foi nesse preciso momento que ela surgiu, magnífica e familiar, à sua frente. Assustou-se e logo começou a tremer, a ansiedade corroía-lhe o corpo apressadamente e o medo dominava-o, mas também o desejo. Entrou inseguro pela porta da frente e viu-A. Lá estava Ela tão linda e colorida, tão dele. A casa estava vazia, totalmente vazia, já não havia lá nada. Só a imagem Dela, tão única e tão perfeita. Tão fatal.

ps: ao ritmo de uma bela música electrónica e ambiental, de olhos fechados, vamos ouvindo a narração sobre uma viagem e uma casa. Abrimos os olhos a meio da música, no final da narração, e escrevemos.

13/4/2007

Dentro da pequena caixa

Dentro da pequena caixa estava um mundo de cores, histórias e sentimentos. Nunca me vou esquecer desse momento. O quarto estava escuro e eu, sobressaltado, não sabia como lá tinha ido parar. Era tudo tão estranho e sombrio, tão desconhecido. Ao vaguear confuso pelo escuro quarto ia tentando encontrar alguma coisa por entre o horripilante silêncio que se fazia sentir, procurando no vazio alguma resposta, até que tropecei num pequeno objecto que se encontrava diante do meu pé direito. Era uma pequena caixa verde com desenhos orientais, cansada pelo passar do tempo, mas que emanava sapiência, uma sapiência que iluminou algo em mim. A transbordar de curiosidade, e com todo o corpo a latejar, abri a pequena caixa com atabalhoada mestria, e logo um feixe de luz saltou de dentro dela e cegou-me por instantes com uma força inacreditável. Cai para trás com as mãos no olhos, a coçar nervosamente e, quando finalmente os consegui abrir estava num precipício coberto de flores e vegetação, cheio de cores e de vida, com um vasto oceano à minha frente e o sol como anfitrião. Foi aí que o senti.

ps: começar um texto com "dentro da pequena caixa"

13/4/2007

Quando encontrei o post-it

Quando encontrei o post-it encontrava-me caído no chão de uma desconhecida casa de banho pública, tão imunda que ainda hoje sinto o seu cheiro nauseabundo e a sua assustadora textura. Estava deitado de barriga para cima nesse sujo chão quando abri os olhos e me vi no reflexo que o espelho do tecto me mostrava. Tinha um post-it espetado na testa. Ainda banhado pela sujidade do meu chão, e sem me levantar, retirei o pequeno papel amarelo da minha viscosa testa com alguma dificuldade e tentei lê-lo. A minha visão encontrava-se desfocada e a dormência na minha mente fazia-se sentir agressivamente, que nem picaretas, mas com um esforço intenso, movido pela perplexa curiosidade que o post-it me despertara, consegui ler a mensagem. “ O silêncio também é conversa Arnaldo, nunca te esqueças disso.”

ps: começar o texto com "Quando encontrei o post-it"

23/4/2007

balão colorido

Sai do casulo animal, sai sozinho e confiante, o mundo espera-te. Agarra-te seguro a este balão de criança que te providencio, deixa-te ir pela atmosfera. Podes gritar e grunhir se o desejares, podes até fazer movimentos estranhos e horripilantes, aqui não há censura. Entrega-te aos teus impulsos e observa tudo em teu redor com alma, como se fosse a primeira vez, e não julgues nada – sente e assimila somente. Olha para cima caro amigo. Vês aquela gaivota? Ela sabe que estás aqui, mas isso não a impede de continuar a voar suavemente e sem rumo, livre e descomprometida. E aquele precipício rochoso que se cola ao oceano docilmente? O abismo assusta-te, eu sei, mas é tão intenso e cativante…Segura-te bem pequeno animal, o vento vem cumprimentar-te agora com energia. Estamos bem no alto, bem perto do fim, não te atemorizes. Deixa o vento fluir em ti.

23/4/2007

criança sonhadora

Quando for grande não quero ser conformado, acorrentado a estruturas, ideias e rotinas que me apaguem o eu, e o prazer de ser. O futuro assusta-me, surge variadas vezes no meu consciente para me alarmar. Não quero cair na cinzenta espiral que se agarra a muitos de nós, não quero ser fechado para a vida, para o que realmente interessa. O meu maior desejo é ser feliz, eu mesmo. Sonho com um percurso aberto e colorido, sem proibições de identidade, onde eu faça e seja o que sinto. Sonho com uma harmonia interior, com um prazer gigante em criar, com uma energia purificada e desmesurada que me preencha o estar; sonho comigo, em mim e no mundo.

Quando for grande não quero ser um escravo do sistema e do medo, não quero ser cinzento.

Quando for grande quero ser livre, quero gritar bem alto “Liberdade ao ser!!” e sorrir impulsivamente, acompanhado por mim próprio, e por todos vocês.

16/3/2007


ps: começar com "quando for grande não quero ser" e encaixar "quando for grande quero ser".

Palavras com som

Nado livre pela calorosa fantasia do teu mar. Palavras de amor e esperança beijam-me o rosto interior, mas não te vejo aqui – sinto-te. Sonho em silêncio, choro sem lágrimas. A harmonia que me abraça a alma é feita de ti, é uma harmonia feliz, mas triste. Sinto a brisa do mar a cumprimentar a minha face enquanto me recordo, enquanto volto a saborear-te, em mim.

De olhos fechados, passo a ponta dos meus dedos, fervorosos, pela fresca água que me envolve. Contradições e frágeis decisões, impulsos fugitivos e falsa segurança - vontade de chegar a outro porto que não este. Mas tu olhas-me nos olhos com toda a tua magia, e eu embarco nestes sentimentos, solto as defesas e os argumentos contraditórios e entrego-me ao que vivo. Não entram conceitos aqui, não entram considerações nem avaliações, Só sentidos. E deixo-me ir, em ti.

16/3/2007

ps: escrever a ouvir a música "há palavras que nos beijam" da Marisa.

21/04/2007

Exprimindo-me através de outro Pedro












Socorro

(Pedro Abrunhosa / Pedro Abrunhosa)



Já não como há cinco dias não durmo há mais de um mês, desde que te conhecia minha vida é como vês. Passo os dias a pensar não sei o que fazer, eu nem quero acreditar no que me foi acontecer. Só queria estar sozinho e não pensar mais em amor, sempre que conheço alguém fico de mal a pior. Li no "Metro" o teu anúncio, de carácter pessoal limitavas-te a dizer...
Curioso como sou apressei-me a responder, só para te perguntar o que é que isso quer dizer. Guardei o jornal no bolso para te falar depois, mas decorei o teu número 937812. Liguei-te às seis da tarde,devias estar a acordar, essa voz rouca e quente num suave murmurar.Fiquei quase sem fala, estive mesmo a desligar do outro lado dizias...
Socorro!! Estou a apaixonar-me É impossível resistir a tanto charme.
Foste-me buscar de carro levaste-me à beira-mar, nas tuas mãos a 4L mais parece um Jaguar!Sentados na esplanadaa tomar um cimbalino, foi então que percebie ssa coisa do destino. Nesse dia aconteceu nunca mais vou esquecer- o mar, o sol, o céu, a praia - todo um mundo de prazer, acendes um cigarroa fagas-me o cabelo, disseste então assim...
Não percebo o que é que queres, nem o que estás a dizer, só sei que tu consegues mostrar o que é ser mulher, quando nós nos separamosnão nos vimos por um mês, trinta dias a pensarem te ter mais uma vez.Depois vi-te na Indústriaa dançar ao som do Prince senti-me devorado pelo teu olhar de lince. Com ar discreto e decidido chegaste-te ao pé de mim, sussurraste-me ao ouvido...
Refrão
Encontrei-te então na baixa(sem nada que o justifique) ali ficámos toda a tarde nos sofás do Magestic,Falaste-me do mundo d'outras terras e lugares, mostraste-me perfumes de oceanos e mares. Ali sentado viajei, ali p'ra sempre quis ficar,
contigo perto dos olhos os lábios quase a beijar.Falaste da cidade, casas, ruas e pessoas e disseste sem vaidade...
Tenho ouvido muita coisamas nunca tão bela assim, seduzir e encantar, são coisas novas p'ra mim. O que eu gosto mais contigo(se queres saber o que eu acho) é que consigo ser homem, sem dar uma de macho. Já não como há cinco dias, não durmo há mais de um mês, desde que te conhecia minha vida é como vês. Passo os dias a pensar já não sei o que fazer eu nem quero acreditar no que me foi acontecer.
Refrão (2X)
( Vem aí o novo álbum "Quem me leva os meus fantasmas". Parece-me coisa boa...)

20/04/2007

Che Guevara disse:




















"Hay que endurecer-se,
pero sín perder la ternura, jamás!"

11/04/2007

Sugestão Garciana de última hora. Material de análise sociológica muito rico!











"A FlorCaveira surgiu no final do Século passado com o cândido desejo de fazer discos. Existem 10. Pertencem a um grupo de artistas tão diminuto quão talentoso (são meia-dúzia que usufruem da bênção dupla de serem iluminados e amigos uns dos outros). A saber: - Tiago Guillul - Guel, Guillul & o Comboio Fantasma (2000-2003) - Borboletas Borbulhas - Samuel Úria - Samuel Úria & as Velhas Glórias - Os Pontos Negros - Os Ninivitas - Os Lacraus - Jerusalém. A FlorCaveira não precisa de mais artistas. Estes chegam. As suas edições são de 500 exemplares, mil no máximo. Para as adquirirem ou se tornam amigos dos artistas, ou assistem a um concerto ou, por excepcional misericórdia, escrevem um humilde e-mail para florcaveira@gmail.com reconhecendo antecipadamente o génio das edições em causa. Os discos da FlorCaveira, numa generalidade que pode conhecer excepções, são produzidos por Tiago Guillul em condições domésticas. Asseguramos honestidade sonora, empenho performativo e letras decentes. Os artistas da FlorCaveira são cristãos sérios. Promovem activa e intermitentemente mensagens religiosas com fins proselitistas. Mas tratam os seus ouvintes pagãos com toda a solidariedade mediterrânica. Religião e Panque-Roque, Tiago Guillul, Setembro de 2006."

Vão ao myspace de cada um.
Não me identifico com este pessoal,
mas é uma nova tendência no mínimo curiosa.
E com muita substância para analisar. Não tendo tanta para assimilar.
Discípulos dos heróis do mar...

Socialmente, tenho vindo cada vez mais a achar que também é através da complementação de uns e outros, contrários entre si, que evoluímos. ( Felizmente há boa sociologia que anda a evoluir neste sentido). Não nos desresponsabilizemos, então, uns dos outros, o que é também dizer que não nos devemos desresponsabilizar de nós mesmos. Lutemos e amemos! Porque, em última análise, não nos iludamos, não existem realizações pessoais solitárias.

02/04/2007

Neste mundo sujo, de porcos míopes, gordos e ofegantes venham a nós os românticos!






















































Então, tás bom? Como é que isso vai?

Tinha 18 anos quando no jardim sagrado trinquei a maçã. Não estava à espera do que se seguiu.
A continuidade do meu ser interrompeu-se.
Fui arrancado a Deus, fui arrancado à minha infância. Literalmente arrancado!
A consciência da dualidade transcendental e terrena aterrorizou-me rapidamente.
Pela primeira vez na vida confrontei-me com o Erro. O erro responsável. E este pareceu-me maior que eu. Muito maior.
Pareceu-me também que, assim, questionava toda e qualquer virtude pessoal. Que punha em causa todo o meu passado. Um passado que eu tanto amava!
A consciência de mim mesmo e a chamada perda de inocência trouxeram também a consciência dos outros. E aí, então, o Erro, "o passo em falso" tornaram-se progressivamente insuportáveis. Escondi-me... Tinha que me esconder!
Procurei segurança no meu novo abrigo chamado solidão...
Mas na solidão, a continuidade tardava, tardava e nunca mais chegava.
De nada valia, a minha consciência não se dissipava, não me largava e rapidamente começou a fazer exigências.
A príncipo não liguei, não aceitava. A meio já ela era maior que eu. E para o fim já morria de fome, de fome de tudo.
Foi, então, que o instinto de sobrevivência me guiou, e me levou a perceber que seria através da minha consciência que eu de, agora em diante, me passaria a alimentar.
E assim foi. Resignei-me à inevitável dualidade e reiniciei a caminhada de cabeça baixa, e com o erro sempre a meu lado.
Mas nesta nova e misteriosa caminhada cada passo ia sendo sentido cada vez mais como meu, e mostrava-se cada vez mais delicioso. Aos poucos e poucos formava-se de novo a vontade.
A dada altura já dirigia a palavra ao erro enquanto caminhava.
Lá iamos tendo, então, de quando em quando, curtos diálogos. Duros e graves, mas entusiasmantes.
Neste momento estou tentado a dar um passo em frente na relação.
Quero ver se o começo a tratar por tu. Vamos lá ver no que vai dar...

01/04/2007

Heróis do mar?!




















«Depois de tantas décadas de convívio íntimo oficial com uma imagem particularmente irrealista da nossa História e das nossas possibilidades, o despertar dessa existência eufórica acabada em pesadelo tinha de arrastar após si o impulso duradoiro dessa mitologia nefasta. Como era de esperar, não seria uma Revolução caída do céu militar que poderia repor miraculosamente o País em condições de se readaptar, enfim, àquilo que é e que pode. As contas a ajustar com as imagens que a nossa aventura colonizadora suscitou na consciência nacional são largas e de trama complexa demais. A urgência política só na aparência suprimiu uma questão que também na aparência o País parece não se ter posto. Mas ela existe. Querendo-o ou não, somos agora outros, embora como é natural continuemos não só a pensar-nos como os mesmos, mas até a fabricar novos mitos para assegurar uma identidade que, se persiste, mudou de forma, estrutura e consistência. Chegou o tempo de existirmos e nos vermos tais como somos. Ao menos uma vez na nossa existência multissecular aproveitemos a dolorosa lição de uma cegueira que se quis inspiração divina e patriótica, para nos compreendermos em termos realistas, inventando uma relação com Portugal na qual nos possamos rever sem ressentimentos fúnebres, nem delírios patológicos. Aceitemo-nos com a carga inteira do nosso passado que de qualquer modo continuará a navegar dentro de nós. Mas não autorizemos ninguém a simplificar e a confiscar para benefício dos privilegiados da fortuna, do poder ou da cultura, uma imagem de Portugal mutilada e mutilante, através da qual nos privemos de um Futuro cuja definição e perfil é obra e aposta da comunidade inteira e não dos seus guias providenciais.»

Texto retirado de um blog feito por Jorge Pereinha Pires e José Francisco Pinheiro: "Brava Dança". O texto é do Eduardo Lourenço, O Labirinto da Saudade - Psicanálise mítica do destino português
, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1978 (Junho)


A ver se o Eduardo Lourenço me ajuda a pensar sobre isto...

Master Musicians ofJoujouka


We are the Master Musicians of Joujouka. We live and continue the traditions of our people in the small village of Joujouka. This is sacred music and can help to heal. MMOJ The Master Musicians of Joujouka are legendary Sufi trance masters from North Morocco. They have been associated with Beat Generation writers Paul Bowles and William Burroughs and the painters Mohammed Hamri and Brion Gysin. Their first album was produced in 1968 by Rolling Stones founder and lead guitarist Brian Jones and is commonly regarded as the first "World Music" album. The Master Musicians have collaborated, performed and recorded with artists as diverse as Ornette Coleman, Marianne Faithfull, Scanner, Lee Renaldo and Bill Laswell. The musicians prefer to live and play near the sanctuary of their saint, Sidi Achmed Shiech, and rarely perform outside Morocco. Joujouka is a small village in the Al Sheriff mountains in Northern Morocco. For centuries the main occupation of the men of the village was playing music. The best Joujouka musicians traditionally played at the court of the Moroccan sultans. Joujouka is renowned for Sufi trance music, which utilises the technique of circular breathing backed by trance-inducing rhythms. The traditional instruments in Joujouka are the rhaita (an oboe-like double reed instrument), reed flutes and small drums. The two sided drums use sheep hide for skins. The special rhythms of Joujouka combine with the simple melodies of the pipes, or flutes, to create an orchestral sound. Song is also at the core of the music in the village. There are many songs which deal with folk themes and mountain life. The subjects are as varied as in any folk music and include songs about love and beautiful girls; "Saudia Djibilia" (Saudia the mountain girl), and "Sharbuni a Thè" (Your eyes make me want to drink tea), as well as failed marriages and the abuse of marijuana, "El Hashish Umlata" (Hashish too Much). The beauty of the mountains is praised in the songs like Abaldi a Bin Hassan (My Country the Mountain Hassan) and "Joujouka Ei Calihoun" (Joujouka Black Eyes). Boujeloudia The instrumental music in Joujouka forms two distinct repertoires with very different origins. Firstly there is the music called Boujeloudia which is traditionally performed annually on the Islamic feast of Aid el Kebir. This suite of music is played while a boy sewn into fresh goat skins dances in frenzy. The music is used to keep the goat-man at bay. The music for Boujeloud, or the Father of Skins, is frantic and has six movements which would equate to a symphony or the score of an opera if it were European classical music. The festival and ritual originate in the worship of the God Pan. Pan was evoked in the springtime to ensure the fertility of both the crops and the people. The people of Joujouka have kept this ancient tradition alive. Sidi Achmed Sheich was an Islamic missionary who is known as "The Cultivator with Lions and the Healer of Crazy Minds". His tomb in Joujouka has for a thousand years been visited by people wanting cures for emotional ailments and other health problems. The saint felt that because the musicians in Joujouka used a special breathing technique, breathing in and out simultaneously, their music could be harnessed to heal the sick. Before a mosque was built in Joujouka the musicians traditionally met on Friday mornings in the sanctuary of Sidi Achmed Sheich to play this healing music beside his tomb. The music has a strange and haunting sound and can have a profound effect on the listener. The musical skill needed to play it correctly and imbue it with its healing qualities is only achieved by mature musicians who revere their saint and who have become true Master Musicians. It is this music and the spirituality that surrounds it that sets the Master Musicians of Joujouka apart from other musicians in North Morocco. This Sufi tradition is a vital part of the life of the musicians and those who stray from it are no longer welcome in the brotherhood.

Lindos olhos

Adoro quando me lembro de ti de uma forma espontânea.
As memórias são muitas nesses momentos. Por isso tenho muito por onde vaguear.
Lembro-me dos teus olhos, por exemplo, e comovo-me.
Eram olhos que corajosamente carregavam um singular brilho maior. Eram olhos que para além de reflectir emanavam luz em abundância.
Eram olhos vivos!
Olhos que se fechavam e choravam.
Que se abriam e brilhavam.
Olhos que semi-cerrados se irritavam.
Que sorriam e focavam.
Olhos que tremiam, que desesperavam.
E que ousavam, e que se assustavam.
Olhos contraídos, olhos dilatados, olhos que me olhavam.
Olhos lindos, lindos olhos, os teus.