28/04/2011

Por fim: o belo do manifesto!




PARA UM NOVO PORTUGAL, UMA NOVA COMUNIDADE LUSÓFONA E UM NOVO MUNDO

Direcção: Paulo Borges, Celeste Natário e Renato Epifânio

MANIFESTO

“O futuro de Portugal […] é sermos tudo”
– Fernando Pessoa

1 – Recriar uma revista e um movimento de transformação das mentalidades e das vidas - A revista Nova Águia pretende recriar no presente o espírito da revista A Águia, órgão do movimento da Renascença Portuguesa, enquanto aglutinador de algumas das mais notáveis figuras da nossa cultura e impulsionador de um fecundo debate de ideias de que resultaram, pela própria divergência, alguns dos mais importantes movimentos culturais do século XX em Portugal, como os que se expressaram nas revistas Orpheu e Seara Nova. A Nova Águia pretende continuar e recriar, adaptado à contemporaneidade, o melhor desses e de outros movimentos, contribuindo para uma transformação profunda das mentalidades e das vidas.

Completo, ver aqui: http://www.agostinhodasilva.pt/images/docs/manifesto_nova%20aguia.pdf

Revista Nova Águia






É com grande orgulho e alguma comoção que partilho estas duas nobres iniciativas! E a todos os que se sentem incomodados por movimentos denominados de nacionalistas apenas tenho a dizer que ser, tanto a nível individual, como nacional, será sempre um conflito de eternas imprevisibilidades. No entanto, com toda a certeza, o mais belo conflito de sempre, e o mais rico em descobertas e encontros. Não ser não é opção, deixar-nos ir não é opção, ter aversão ao poder não é opção, pois, afinal de contas, há sempre alguém que dirige, mesmo que sintamos por momentos que seguimos ao sabor do vento, ao sabor de Deus, estando o leme nas mãos de um outrem desconhecido. Esse sentimento de liberdade, de harmonia telúrica ou de esplendor divino só se conquista de forma imanente.

Pedro Garcia

"A Águia foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal, em que colaboraram algumas das mais relevantes figuras da nossa Cultura, como Teixeira de Pascoaes, Jaime Cortesão, Raul Proença, Leonardo Coimbra, António Sérgio, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva.

A NOVA ÁGUIA pretende ser uma homenagem a essa tão importante revista da nossa História, procurando recriar o seu “espírito”, adaptado ao século XXI, conforme se pode ler no nosso Manifesto.

Tal como n’ A Águia, procuraremos o contributo das mais relevantes figuras da nossa Cultura, que serão chamadas a reflectir sobre determinados temas:

- Primeiro número (1º semestre de 2008): A ideia de Pátria: sua actualidade.

- Segundo número (2º semestre de 2008): António Vieira e o futuro da Lusofonia.

- Terceiro número (1º semestre de 2009): O legado de Agostinho da Silva, 15 anos após a sua morte.

- Quarto número (2º semestre de 2009): Pascoaes, Portugal e a Europa: 20 anos após a queda do Muro de Berlim.

- Quinto número (1º semestre de 2010): Os 100 anos d' A Águia e a situação cultural de hoje.

- Sexto número (2º semestre de 2010): A República, 100 anos depois.

- Sétimo número (1º semestre de 2011): Fernando Pessoa: "Minha pátria é a língua portuguesa" (nos 15 anos da CPLP).

- Oitavo número (2º semestre de 2011): O Pensamento da Cultura de Língua Portuguesa: nos 30 anos da morte de Álvaro Ribeiro."

Fonte: http://novaaguia.blogspot.com/

Movimento Internacional Lusófono




O MIL é um movimento cultural e cívico que conta já com cerca de 5 MIL adesões, de todos os países da CPLP. Defendemos o reforço dos laços entre os países lusófonos – a todos os níveis: cultural, social, económico e político -, assim procurando cumprir o sonho de Agostinho da Silva: a criação de uma verdadeira comunidade lusófona, numa base de liberdade e fraternidade.

Se quiser aderir ao MIL, basta enviar um e-mail: adesao@movimentolusofono.org indicando o nome e a área de residência.

PRINCIPAIS PROPOSTAS
1. “Força Lusófona de Manutenção de Paz”
2. “Passaporte Lusófono”
3. Defesa de candidaturas independentes à Assembleia da República Portuguesa
4. Instituições à escala lusófona

PRINCIPAIS INICIATIVAS
1. Debates públicos
2. Recolhas de livros
3. Prémio Personalidade Lusófona do Ano

(blogue: www.mil-hafre.blogspot.com)
(facebook: http://www.facebook.com/group.php?gid=2391543356)

Fonte: http://movimentolusofono.wordpress.com/

26/04/2011

Documentário "O Povo Brasileiro" de Darcy Ribeiro



Baseado no livro de mesmo nome, e usando muitas das imagens gravadas por Darcy Ribeiro - uma das cabeças mais brilhantes do Mundo e que tanto lutou por um Brasil melhor - fez um grande estudo sobre a formação do povo brasileiro.

Esse documentário é uma forma de ver a beleza dos principais povos que formaram a nação brasileira, e é um grande contraponto a muitas visões preconceituosas que ainda imperam no país, principalmente em relação ao índio e ao negro. Mostra também as raízes da desigualdade social que vivemos até hoje.

Fonte: http://docverdade.blogspot.com/2009/03/o-povo-brasileiro-darcy-ribeiro.html

Façam o download. Vale a pena!

20/04/2011

A arte de ser português - Teixeira de Pascoaes / Próxima compra




Miguel Esteves Cardoso

"Quando Pascoaes inventou Portugal não se deu conta do que tinha feito: pensou que se tinha limitado a descobri-lo. Quando imaginou os Portugueses, entregando-lhes as palavras e as visões que só a ele pertenciam, enganou-se. Os Portugueses de Pascoaes nem sequer existiam. Pascoaes nunca percebeu que era tudo invenção dele.
Escreveu um livro, a "Arte de Ser Português", recusando a responsabilidade da criação, na ânsia de ser apenas um espectador.
Pascoaes não queria ser mais um poeta. Queria servir, servir e pertencer. Não queria ficar de fora nem sozinho. Queria escrever, mas escrever como quem presta um serviço: um serviço de observar, de ouvir, de descrever. Não queria ser mais um escritor português. Queria ser o escritor através do qual escrevia Portugal. Nem menos!"

18/04/2011

Agostinho da Silva - Homenagens, Dúvidas e a "manha"



Mais um.
É que isto faz bem...

Agostinho da Silva - Salazar, Capitalismo e CEE



Eu amo este senhor, não há nada a fazer!
Isto é brilhante!

13/04/2011

Êxodo urbano - uma boa alternativa

Uma escola viva

No dia de Carnaval, por iniciativa da Associação Rio Vivo, teve lugar em S. Pedro do Rio Seco um acontecimento especial: reabriu-se a velha escola que, por falta de crianças, tinha fechado há dois anos. Foi às três horas da tarde, havia um ameaça de chuva fria que não chegou para estragar a festa. Os poucos miúdos da aldeia orientados pelo Jorge Ribeiro fizeram um teatro encantador. E não faltaram os fantoches.

O povo de S. Pedro, a quem a escola se destina, ocorreu em massa e extravasou da sala de aula. A Caetana é a nova professora e a coordenadora da Escola. O Tiago e o Zé, vencedores do Prémio Ribacôa 2010, também vieram. Tiraram folga do terreno do Salgueiral onde têm trabalhado afanosamente. Já lá começam a aparecer as "camas" da permacultura e estão plantadas muitas árvores de fruto. O moinho de aríete já está em funcionamento.

As pessoas da aldeia ainda olham com algum cepticismo para estes jovens agricultores, uma espécie de novos povoadores; mostram desconfiança relativamente às novas técnicas, mas aceitar isto, penso eu, será uma questão de tempo.

Neste dia de Carnaval deu para perceber que existe um Caminho para a Transição. Que não vai ser fácil de percorrer.

É um caminho que se faz em contra mão, contra o sentido dominante do tráfego. O mundo actual habituado ao conforto da energia fácil e abundante não aceita facilmente a via da mudança. As pessoas interrogam-se por que razão hão-de voltar a cavar a terra se o tractor ou a moto cultivadora o podem fazer de modo mais simples e com menos esforço. Ou por que não deverão continuar a usar sacos de plástico se eles são tão práticos e baratos. Talvez as pessoas ainda não tenham sentido verdadeiramente a necessidade de enveredar pelo caminho da Transição.

Mas á nossa volta multiplicam-se os sinais que nos mostram a necessidade da mudança. O desemprego que grassa entre os jovens é um desses sinais. A nossa dependência alimentar é outro deles. Mostram que o mundo está no caminho errado que é regulado por regras antigas que já não resolvem os problemas actuais.

Se em cada aldeia de Portugal reabrisse uma escola fechada, se se voltasse a utilizar a terra crua para construir as casas, se alguém mostrasse novas técnicas de cultivo, então estaríamos a lançar as sementes para o mundo novo que queremos e necessitamos começar a construir.

Ver: http://poscarbono.blogspot.com/2011/03/uma-escola-viva.html

Prémio Ribacôa 2010-2011 - distingue projecto de permacultura para S. Pedro de Rio Seco



Fvp dinamiza um dos concelhos mais pobres do País


Prémio Ribacôa 2010-2011 - distingue projecto de permacultura para S. Pedro de Rio Seco


O Prémio Ribacôa 2010/2011 distinguiu o projecto “Um Novo Rumo para S. Pedro do Rio Seco”, de Caetana Serôdio, licenciada em História da Arte, José Lambuça, licenciado em Biologia ambiental Terrestre e Tiago Silva, licenciado em Biologia e com mestrado em Ecologia e gestão ambiental, baseado nos princípios da permacultura e que pretende colocar S. Pedro do Rio Seco como referência regional de produtos alimentares (hortícolas e frutícolas) de qualidade, produzidos e distribuídos localmente, numa óptica de sustentabilidade e respeito pela natureza.

A atribuição do prémio, no valor monetário de 11 mil Euros, destinado à concretização e atribuído ao longo do seu desenvolvimento e implementação, foi deliberada no dia 22 de Novembro, numa cerimónia em que estiveram presentes Luis Queirós, presidente do júri do Prémio e da Fundação Vox Populi (Fvp), José Alberto Morgado, em representação da Câmara de Almeida, Manuel Alcino Fernandes, em representação da Associação Rio Vivo e Telmo Cunha, em representação da Associação dos Amigos de Almeida.

O projecto alia práticas agrícolas tradicionais com ideias inovadoras, proporcionando o desenvolvimento integrado da propriedade rural de forma viável e segura para o agricultor, e prevê a plantação de uma horta orgânica, um pomar/bosque alimentar, um viveiro de plantas autóctones e uma estufa. Com os produtos produzidos pretende-se a médio/longo prazo suplantar as necessidades básicas alimentares de hortícolas e frutícolas da população da aldeia e, eventualmente, de comunidades vizinhas.

O trabalho tem o seu início já em Dezembro, com o reconhecimento da aldeia e zona envolvente, seguindo-se a análise da meteorologia agrícola regional e inventário vegetal das espécies adaptadas ao clima, a construção da estufa, o tratamento e preparação do solo, as plantações das diversas espécies adequadas a cada mês e respectiva manutenção, e, finalmente, a colheita de Verão e a plantação de inverno.

Luís Queirós, Presidente da Fundação Vox Populi e membro do júri, enfatiza que é “urgente trazer os jovens para os concelhos mais pobres, despovoados e envelhecidos. Este Prémio foi pensado para os estimular e impulsionar a criarem projectos que os façam conhecer, respeitar e valorizar o desenvolvimento sustentável dessas localidades.”

Além do primeiro prémio, a Fvp dispõe-se ainda apoiar mais dois projectos que estiveram a concurso, com a quantia de cinco mil euros a cada, se a Associação dos Amigos de Almeida e a Câmara de Almeida apoiarem com semelhante verba. São eles a “Flora Autóctone Portuguesa - Produção em viveiro para utilização florestal e ornamenta”l e a “Estrutura Ecológica Municipal do Concelho de Almeida - Soluções inovadoras no domínio do planeamento e design de paisagens rurais e urbanas do município”.

Criado em 2009, o Prémio Prémio Ribacôa, sob o tema “A Caminho da Transição”, premeia candidaturas dedicados a incentivar a implementação de projectos de desenvolvimento sustentável no concelho de Almeida, um dos concelhos mais pobres do país.

Ver: http://www.facebook.com/pages/RIO-VIVO/171967014298?sk=wall
http://ariovivo.blogspot.com/

FUNDAÇÃO VOX POPULI

Apresentação

Fundação Vox Populi
Desde que, nos anos trinta do século passado, George Gallup popularizou, nos EUA, as sondagens de opinião, o seu papel e a sua importância não têm parado de crescer na vida das sociedades modernas.
É sabido que elas estão hoje na base da actividade política. Os meios de comunicação não as dispensam. E menos ainda delas prescinde a moderna economia de mercado, onde qualquer acção de gestão, qualquer decisão comercial, promocional ou publicitária, assenta no conhecimento tão exacto quanto possível das características do mercado consumidor.

Todavia, a utilização das sondagens, enquanto instrumento de estudo das populações, pode e deve ir mais além.

Os tempos modernos exigem que os estudos de opinião, sejam encarados e definitivamente aceites como um instrumento de conhecimento da sociedade, essencial para o desenho de políticas de desenvolvimento.

Nos tempos de hoje uma sociedade que não se conhece, não consegue desenvolver-se, nem evoluir de forma justa e sustentada!

Daí que a auscultação da opinião pública tem hoje uma importância decisiva na gestão da vida colectiva. Nos regimes democráticos, a justificação e o suporte do poder transferiram-se dos canhões para as urnas, cuja voz é um dogma inquestionável!

É desta consciência que nasce a decisão de instituir a Fundação Vox Populi que desenvolverá a sua actividade no terreno das questões sociais, culturais, ambientais e económicas fundamentais da vida das populações.

Pretende-se auscultar as preocupações dos cidadãos, identificar as suas perplexidades, detectar as suas carências e as suas necessidades de informação, mediante a divulgação e o aprofundamento dos princípios básicos dos estudos de opinião: rigor científico, independência e ética profissional.


Com particular enfoque na população portuguesa residente no Continente e nas Regiões Autónomas, a Fundação visa alargar o seu universo às comunidades portuguesas espalhadas pelos cinco Continentes, procurando também conhecer as suas ligações à Mãe-Pátria, a permanência dos seus valores culturais e os vínculos à sua Língua e às suas Origens.

Foi a plena convicção de que a acção da Fundação incentivará de modo significativo o conhecimento para o desenvolvimento social e económico português, que levou os seus Fundadores, Luís Queirós e Esposa, cuja vida profissional, na Marktest, foi dedicada aos estudos de mercado, a criar este projecto rodeando-se de pessoas que comungando dos mesmos ideais aceitaram o desafio de aderir a este projecto inovador e ambicioso nos seus objectivos.

Ver: http://www.fvp.pt/edicoes/fvp/index.aspx

12/04/2011

Muerte y resurrección de Keynes

Joop Tanis, Young Foundation : "Social Return on Investment" (EN)

http://vimeo.com/12825814

Um pequeno texto sobre a arte da meditação de Sri Nisargadatta Maharaj

'A meditação é uma tentativa deliberada de atravessar até aos estados mais elevados da consciência e finalmente passar além destes. A arte da meditação é a arte de mudar o foco da atenção para dimensões cada vez mais subtis, sem perder o controlo sobre as dimensões que são deixadas para trás. De certa forma é como ter a morte sob controlo. Começamos com as dimensões mais básicas: circunstâncias sociais, costumes e hábitos; o espaço físico envolvente, a posição e respiração do corpo; os sentidos, as suas sensações e percepções; a mente, os seus pensamentos e sentimentos; até que todo o mecanismo da personalidade é realizado e firmemente controlado. O estágio final da meditação é alcançado quando o sentido de identidade vai além do 'eu sou isto e aquilo', além do 'eu sou assim', além do 'eu sou apenas a testemunha', além do 'existe', além de todas as ideias até ao ser puro impessoalmente pessoal. Mas tens de ter bastante energia se queres explorar a meditação. Não é definitivamente uma ocupação apenas para os tempos livres. Limita todos os teus interesses e actividades ao que é estritamente necessário para ti e para os que dependem de ti. Poupa todas as tuas energias e todo o teu tempo com um único propósito, quebrar a barreira que a tua mente ergueu à tua volta. Acredita em mim, não te vais arrepender.'

Sri Nisargadatta Maharaj

01/04/2011

"A" petição!

Para uma nova economia
Uma tomada de posição pública

Apresentamos esta tomada de posição pública no momento em que acaba de ser aprovada a política orçamental para 2011. Como todos reconhecem, as medidas adoptadas têm carácter recessivo. Mesmo que no curto prazo, permitissem conter a especulação financeira sobre a dívida externa e as necessidades de financiamento do Estado e da economia portuguesa, tal política, só por si, não abriria caminho ao indispensável processo de mudanças estruturais de que o País carece para alcançar um desenvolvimento humano e sustentável a prazo. Importa responder no curto prazo visando e construindo o longo prazo.
Reconhecemos que é necessária e urgente uma mudança profunda no paradigma da economia nacional, mas também europeia e mundial. Estamos todos envolvidos na busca de soluções. Os economistas em particular têm a responsabilidade de contribuir para encontrar respostas para os desafios da transição que marcam o mundo contemporâneo e, de modo particular, o nosso País.
A crise tem carácter sistémico e dimensão global, com contornos específicos na Zona Euro, traduzindo-se em maior pobreza, desemprego, crescentes desigualdades de riqueza e rendimento, baixa propensão ao investimento e fraco dinamismo da produção.

Raízes da crise

Presentemente, estão identificadas as raízes dos problemas: a globalização desregulada fruto da imposição de uma ideologia neoliberal que exalta o mercado e subestima o papel do Estado na economia; o predomínio dos interesses financeiros sobre toda a economia; a especulação financeira que sobrevaloriza objectivos de lucro no curto prazo; o desrespeito por elementares princípios éticos; a desconsideração de objectivos de coesão social e sustentabilidade ambiental; o enfraquecimento do papel dos Estados nacionais sem que se tenham criado mecanismos políticos supranacionais à altura.
A teoria económica permite fundamentar a denúncia de alguns dos falsos pressupostos subjacentes às opções de política económica que originaram a crise. Existe um pensamento económico alternativo que não pode mais continuar bloqueado e passar despercebido dos meios de comunicação social e na opinião pública. Há que abrir espaço a correntes teóricas com propostas diferentes, que precisam de ser debatidas.
Este debate ajudará a descobrir políticas que compatibilizem medidas de curto prazo com estratégias de desenvolvimento a prazo; que promovam o emprego e a valorização do trabalho humano, abdicando de desregulamentações contraproducentes do mercado de trabalho destinadas a transferir custos para os trabalhadores; que levem a economia a produzir bens e serviços que satisfaçam as reais necessidades humanas que reindustrializem garantindo a sustentabilidade ambiental; que combinem eficiência com igualdade substantiva, promovendo a participação motivada de todos; que aproveitem as potencialidades dos mercados e ao mesmo tempo limitem a sua expansão para o campo dos bens e serviços públicos; que assegurem a ética dos negócios; que coloquem o sistema financeiro ao serviço da economia de todos.
As reais dificuldades a nível financeiro, que Portugal e outros países da UE atravessam, têm ditado medidas de aumento regressivo de receitas fiscais e cortes injustos nas despesas públicas, medidas tantas vezes descoordenadas e sem a devida ponderação acerca do seu impacto económico e social no curto, médio e longo prazo. Trata-se de uma visão míope que não avalia as respectivas consequências na economia real e nas condições de vida e de bem-estar das populações ou na coesão social, as quais não raro impedem que se alcancem os próprios objectivos de equilíbrio financeiro visados.
Entendemos que o saneamento das finanças públicas a qualquer custo e, em simultâneo, em diversos países do mesmo espaço económico, é inalcançável e está a sobrepor-se a uma preocupação de justiça social e de relançamento das economias, ao serviço de um desenvolvimento sustentável. A este propósito, não é disfarçável um aproveitamento oportunista por parte de quem defende – sempre defendeu – uma redução do papel regulador do Estado e da prestação de serviços públicos.
Particularmente grave é o que vem sucedendo no âmbito da UE em que políticas orçamentais muito restritivas são impostas aos países membros sem atender à diversidade das respectivas economias nacionais, numa pura lógica de austeridade, ao mesmo tempo que se dá preferência a medidas de fortalecimento do sistema financeiro, mas sem a preocupação de o reformar em profundidade, como seria indispensável. A “austeridade”, de que se fala como sendo um valor, esconde interesses de concentração de riqueza e efeitos negativos no desemprego e nas condições de vida dos estratos de população mais vulneráveis.
Sob a aparência de um valor a prosseguir, visa-se a manutenção de uma economia de mercado mal concebida, de matriz neoliberal, que tem como consequência o reforço do poder financeiro e a subordinação da economia aos interesses das oligarquias detentoras desse poder.

As políticas que preconizamos

A presente crise não se resolve com cortes nos salários, pensões ou redução da provisão de bens públicos (saúde, educação, prestações e serviços sociais), nem com maior tributação dos consumos populares e consequente redução do poder de compra dos estratos sociais menos afluentes. Ao invés, as chamadas “medidas de austeridade”, que vêm sendo preconizadas e, de algum modo, impostas pelas instâncias comunitárias, podem acentuar a crise e contribuir para menor crescimento da economia, mais desemprego e, indirectamente, maior desequilíbrio das contas públicas.
Não pode ignorar-se que a crise que se vive na União e em alguns dos países membros é reflexo da crise financeira global e da escalada especulativa que ainda não terminou e, por conseguinte, enfrentar a crise implica intervenção adequada e coordenada a nível mundial, nomeadamente no que toca à eliminação de paraísos fiscais, tributação fiscal sobre transacções financeiras, aperfeiçoamento das instâncias reguladoras e do funcionamento das empresas de rating, reformas dos sistemas bancários nacionais que assegurem transparência e controlo público do crédito, combatam as acções especulativas e imponham normas de responsabilidade e conduta ética.
Não só no plano global são indispensáveis reformas. Também a nível europeu, há que introduzir reformas profundas que permitam fazer face à vulnerabilidade da zona euro a qual resulta de uma excessiva confiança posta no mercado como regulador, quando estão em presença economias muito desiguais, com consequentes desequilíbrios nas relações intra e extra comunitárias.
Os modelos sociais europeus encontram-se sob ameaça e há razões para recear que grupos de interesse venham a fazer pressão no sentido do seu progressivo desmantelamento, forçando a redução dos direitos sociais dos trabalhadores e privatizando serviços de utilidade pública, como sejam os de saúde ou de educação. Uma tal tendência, a concretizar-se, não só constituiria um retrocesso civilizacional como teria como efeito a ainda maior concentração da riqueza e dos rendimentos com consequente risco para a democracia. O modelo social europeu carece de ser aprofundado e ajustado às novas realidades, nomeadamente no que respeita à evolução demográfica, mas nunca desmantelado ou enfraquecido, já que também é a base da possibilidade de economia próspera.
Do Banco Central Europeu espera-se um papel mais activo na ajuda a prestar aos países mais vulneráveis às acções especulativas - impedindo a inaceitável subordinação dos Estados aos mercados financeiros que actualmente se verifica - e na definição de uma política monetária que sirva de motor de crescimento da economia de toda a Zona Euro.
Também defendemos um sistema de tributação progressiva que seja concertado a nível europeu, de modo a evitar disparidades que fazem com que os fluxos económicos corroam as bases fiscais dos Estados. Defendemos a existência de uma estratégia de desenvolvimento para toda a UE e uma estreita articulação entre política orçamental e política monetária de modo a enfrentar o desemprego e garantir uma orientação eficiente dos recursos de capital para investimento produtivo e inovação em domínios estratégicos.
No plano da regulação financeira, se é justo esperar que no plano mundial se alcancem indispensáveis formas de regulação mais eficientes, tal não dispensa que no espaço europeu (e nacional) se introduzam normas prudenciais que acautelem devidamente os interesses dos pequenos aforradores e bem assim se adoptem medidas de prevenção e forte punição de operações dolosas e/ou especulativas.
O combate às desigualdades e à pobreza na UE deverá constar das prioridades das autoridades nacionais e comunitárias responsáveis pela política económica e o princípio da solidariedade subjacente aos tratados deveria levar ao estabelecimento de mínimos sociais e metas quantificadas e calendarizadas de redução da pobreza. Sabemos bem que, não só estão em causa princípios de justiça social, como também a pobreza e grandes desigualdades sociais constituem obstáculo ao próprio crescimento económico.
De igual forma, não é aceitável que, na UE, o número de desempregados seja tão elevado, nem que aumente o número daqueles que estão nessa situação por longos períodos. Os custos daí decorrentes afectam também a economia e constituem perda de recursos.
Uma coordenação eficaz das políticas económicas na UE, assim como a eliminação da rigidez monetária e orçamental da UE (Pacto de Estabilidade e Crescimento) deveriam evitar que, no futuro, o ónus do ajustamento em situação de crise recaísse, como actualmente, essencialmente, sobre os trabalhadores.
No que se refere ao saneamento financeiro, seria desejável que se implementassem sistemas de auditoria permanente às dívidas públicas, mas que aquela fosse complementada com uma vigilância atenta sobre o nível da dívida privada, sabendo-se como esta pesa no desequilíbrio das contas externas.
A auditoria deveria também incidir sobre as parcerias público-privadas, pelo peso que estas representam nos encargos futuros.
A crise em que nos encontramos abre caminho a que se equacionem no desenho de futuras estratégias de desenvolvimento as potencialidades de inovação em matéria de economia social e desenvolvimento local bem como se encarem reformas do conceito de empresa, generalizando as tradições de participação de todos os seus actores na gestão, tal como acontece em muitas economias avançadas, de modo a nela incorporar as exigências que decorrem de uma maior democratização da economia.
Por último, queremos expressar o nosso entendimento de que a responsabilização dos representantes nacionais nos órgãos comunitários, em especial no Parlamento Europeu, e a sua ligação reforçada às instituições democráticas nacionais, deverá permitir uma atempada participação em matéria de política económica e contribuir para afastar o fatalismo que tem prevalecido acerca das decisões de Bruxelas, aceites sem discussão e que tantas vezes têm acarretado efeitos desastrosos.
Sem opções claras de objectivos a atingir no médio e longo prazo, definidos num processo aberto à participação, continuaremos ao sabor de decisões pontuais e descoordenadas, tomadas sob a pressão do momento, vinda quer de entidades externas quer de interesses particulares e outros e que não constituem garantia de um desenvolvimento humano e sustentável, que responda com equidade às necessidades e aspirações dos nossos concidadãos e concidadãs e salvaguarde o bem comum das gerações futuras.

Novembro 2010

Os signatários

Ver: http://www.peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=NovaEco

Assembleia Popular à Rasca



Ver: http://www.facebook.com/event.php?eid=164173550305196