26/02/2006

A minha posição

Se tudo é nada e nada é tudo eu continuo a querer ser tudo para ser nada.

Un petit peu de Montaigne

"Todos os abusos do mundo resultam do facto de nos ensinarem a ter medo de manifestarmos a nossa ignorância."

Montaigne

I feel like a passenger!

24/02/2006

Ai, ai, ai, ai, ai, aiiiiii..... Ah, ah, ah, ahhh!!!

Vá lá! Também é só mais um começo...
E outro, outro, outro, outro, outro, outro, outro, outro, outro, e outro, e parece que ainda vem aí qualquer coisa... Dêem-me, ao menos, espaço para respirar em cada intervalo. É só isso que exijo como condição. Quanto ao resto encarregar-me-ei sozinho da situação.
Venha tudo junto, tudo de uma vez, se for preciso! Seja qual for o final, e digo-o convictamente, acabarei a rir. A rir! A rir, caralho! Não sei se estão a perceber... Nunca me conseguirão vencer, por muito que tentem. Nunca! E nunca vos pedirei que evitem tentá-lo. É em silêncio que vos combato! Um silêncio convicto, que espero que vos seja ensurdecedor.
Eu despezo-vos! Não acreditam? São me até indiferentes... Querem saber porquê? Querem mesmo? Então, eu digo-vos:
Porque eu tenho algo em mim indestrutível. E isso, essa coisa indestrutível é o meu Sonho, e ele sou eu... E olhem que é bem real.


Vá lá! Já estou no chão, outra vez. e continuo-me a rir... Não são capazes de melhor?
Porra, que ridículos! Ahhhhhhh...

12/02/2006

Culpabilidade

Tenho muita. Há que estudar o caso... A culpabilidade é a maior inimiga da liberdade, da verdade, da identidade. É uma puta, basicamente. Uma puta que nasce de uma accção por nós cometida da qual achamos que teremos como consequência o desagradar, ou a renúncia ao amar da nossa própria pessoa.
Mas isto tem mais sentido na infância. Já maiores a culpabilidade deve desaparecer, a bem ou a mal, porque, em último caso, temos o amor próprio de quem somos reis e senhores.
Liberte-se a humanidade da sua culpabilidade e será livre, livre para ser.....
Se nos deixarmos vencer pela culpabilidade personificamos a culpa, bloqueamos ali... Como uma criança que, bem ou mal, resigna-se então a ficar e receber o estalo prometido.

A liberdade do artista

Se posso ser tudo. Se adquiro essa liberdade, então escolho ser eu. Eu!
Sendo eu todos eles e elas, tudo, mas em mim. E para mim...

Selvagem

O que é que eu sou?
Sou um selvagem! Um selvagem com uma selvagem sapiência.
A minha natureza é única e única é na relação com os outros.
Sou selvagem porque ouso ser em liberdade interior e exterior.
Não reconheço qualquer autoridade que não tenha origem em mim.
Sou filósofo místico.
Sou guerreiro do amor.
Sou escritor.
Sou viajante.
Sou eremita.
Sou músico.
Sou amigo.
Sou amante.
Sou só e tão eu. E que prazer que eu tenho em viver assim. Selvaticamente vivo!

Eterno aprendiz, aprendo amando. Se sou mestre é apenas porque o fui.

A minha linguagem - o meu mundo

Renego toda a linguagem passada. Todos os conceitos, ideias, expressões, filosofias. Vou criar e edificar uma nova linguagem. Uma linguagem que brotará de cada minha experiência, compreensão, sensação... Que brotará de mim, ou através de mim por minha escolha. Uma linguagem e uma vivência totalmente novas, virgens, únicas e genuínas.
A minha linguagem, a minha vivência, o meu mundo, o meu eu!

Espelho

Olho-me ao espelho. Procuro o que não vejo. Procuro completar a imagem que percepciono. Mas o reflexo estampado no espelho depende dos olhos que o vêem. São estes que o criam. Então, apercebo-me do poder e responsabilidade que tenho. Não é a imagem que dita sentenças mas, sim, eu que as dito à imagem.
Pois então, olho, pedindo respostas a um vidro e não vislumbro nada.
Olho, sabendo o que quero ver e vejo-me.

02/02/2006

Ao ver "O último Samurai" surgiu-me, na mente, a ideia de que estamos inconscientemente e com grande imprudência, numa situação de grave ausência de valores. Falo da sociedade ocidental...
Extinguimos Deus em favor do individualismo.
Extinguimos ideologias maiores em favor da liberdade.
Extinguimos valores, tais como servir, honra, lealdade, fidelidade, disciplina em favor da liberdade também.
Extinguimos heróis em favor do homem comum, muitas vezes medíocre.
Extinguimos selvagens em favor dos civilizados.
Extinguimos povos e tradições com milhares de anos de experiência de vida. E extinguimo-los brutalmente, primitivamente, sem ter a sapiência, e muito menos, o respeito, o cuidado e a humildade de escutar o que poderíamos aprender para melhor viver.
E eu pergunto-me senão teremos levado demasiadas realidades à extinção em prol da nossa sociedade. Senão teremos levado até um pouco de nós. Há uma despersonalização, uma solidão demasiado grande que ainda é confundida com a liberdade.
Com este texto quero apenas alertar para um equilibrio precário e para a necessidade da construção de um novo equilibrio. Não quero sugerir a recuperação de um equilíbrio antigo. Sugiro apenas uma reflexão crítica e participativa sobre a sociedade que edificámos.

Preciso de algo tão grande quanto o que eu sinto em mim a germinar

Preciso.... de alguma coisa maior, mas ainda não sei o que é.
Não sei se é um Deus para me transmitir um sentido pleno à vida, um Deus a quem possa recorrer, agradecer, discordar, contestar, perguntar, amar, e tudo isto de uma forma total e plena. Mesmo que seja um Deus ainda não sei como seria, nem onde estaria representado. Mas se chegar à conclusão que é de uma entidade divina que eu preciso ou procuro, então, farei por isso sem preconceitos e com alegria. Assim o gostaria.
Pode também ser o amor. Um amor onde nos sentimos reflectidos, um amor que amamos com todo o nosso eu e a sua natureza, um amor que nos ama única e totalmente.
E pode ser uma arte, uma capacidade de expressão maiores, que me trariam um conhecimento e aceitação profundos do meu eu, uma lucidez total. Uma expressão adequada a cada momento meu e que de cada momento conseguisse tirar a minha reacção/acção. Uma expressão de tal modo apurada que em cada momento extrairia respostas. Respostas essas que, naturalmente e genuinamente, traçariam, espontâneamente, passo a passo, um caminho. O meu caminho.

Enquanto eu e eu nos mantivermos juntos nunca seremos derrotados!

01/02/2006

Carta de apresentação pessoal

Doce Moscatel que me acaricia os lábios como mel, aquece-me a garganta com carinho deixando o meu ser alegre e tranquilo enquanto fito com suave timidez o vazio. Mordisco um cigarro calmamente durante este intemporal período de degustação, esboço um brilho sincero no olhar e viajo…respiro a pura beleza de viver imaginando mirabolantes cenários de felicidade, sonho e sinto em meu redor os incrivelmente pequenos prazeres que o mundo e os sentidos me proporcionam, nado livremente pela imagem extasiante daquele colorido degradê solar que o céu e o mar me oferecem ao final de cada tarde e lembro-me de situações memoráveis passadas com os meus, lembro-me também da sorridente (rastejante e assustada) forma como fujo quando todos os meus problemas e inseguranças me confrontam. Olho à volta e logo gaguejo uma tremida e despropositada gargalhada, soltando os meus monstros e defesas através de um qualquer comentário analítico-trivial sobre um qualquer pormenor quotidiano presente, acompanhando este sufoco com um disfarçado desvio de olhar e um envergonhado coçar de cabeça que tencionam exprimir de uma forma calmo-desesperada a minha dificuldade e/ou incapacidade (quantas vezes não recorre o pensamento a fatalismos?) de ser e estar bem, uniforme, liberto da pressão pessoal que a opinião pública exerce sobre quem analisa em demasia. Peço então mais um Moscatel ao Zé entre guinchos desmesurados e subliminares mensagens de ajuda lançadas em forma de piada ao meu amigo Miguel - “então chibas-te ou não? Faz aí mais uma meu palhaço polar…!!”. Olho novamente à minha volta e reparo que ninguém me está a observar, penso em mim e tento entregar e fechar o meu presente estado de espírito na inimaginável e natural certeza de que ninguém está a olhar para mim…não preciso de entreter quem quer que seja, ninguém me está a avaliar porra!!. Vêm-me subitamente à cabeça o meu pavor do futuro, respiro fundo inalando o saboroso fumo do thc e observo o nada. O nada sou eu. Eu sou o nada. Eu não sei o que é o nada.
Rio-me agora por dentro e penso que talvez seja difícil encaixar
os meus momentos de verdadeiro prazer e loucura (aqueles doces arrepios de felicidade) harmoniosamente neste contexto lírico, começo também a imaginar quais os adjectivos que estarão posteriormente estampados na pauta da avaliação final do meu ser, mas noto que me consigo abstrair de tudo o que me perturba ( menos da forma como irei acabar) e decido parar. Com um sincero sorriso lembro-me de ti…rasgo o pensamento e abraço a acção sem hesitar. Afinal é possível.