o som e a casa
Desbravava pela selva sozinho, a um ritmo constante, à procura da casa que havia perdido há uns tempos. Caminhava pela húmida terra descalço e de tronco nú; as laranjeiras e os verdes arbustos que pautavam o seu caminho pareciam acordados, molhados e iluminados, cantavam juntamente com o vento uma bela canção, nostálgica e melosa, que o acariciava docemente com sua querida melodia. Sentia-se unido com a sua envolvente ao desbravar por aquela bela selva e esquecia-se da casa que inicialmente procurava. Agora só caminhava, e caminhava, e vivia. Foi ao libertar-se da casa que havia perdido que se sentiu livre, mas foi nesse preciso momento que ela surgiu, magnífica e familiar, à sua frente. Assustou-se e logo começou a tremer, a ansiedade corroía-lhe o corpo apressadamente e o medo dominava-o, mas também o desejo. Entrou inseguro pela porta da frente e viu-A. Lá estava Ela tão linda e colorida, tão dele. A casa estava vazia, totalmente vazia, já não havia lá nada. Só a imagem Dela, tão única e tão perfeita. Tão fatal.
13/4/2007
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