31/10/2008

Um Bom dia com Garcia

Bem, não sei o que se passa comigo. Loucura matinal!!! Vamos a ela... Sabe tão bem acordar aos berros e cantar no chuveiro, ao mesmo tempo que as ideias disparam dentro da nossa cabeça e a energia abunda inquieta e brincalhona.
Pois é, já percebi como é que dou conta desta merda. Como é que dou conta de todos os meus deveres. É, paradoxalmente, trabalhando, trabalhando que nem um porco e sempre antecipadamente. É exactamente isto. Para que os tempos livres sejam efectivamente livres e meus. Só meus. Assim vislumbro todo o calendário e não me assustam as suas tarefas. Assim domino-o! É feio que assim tenha que ser. Mas para já sou aluno, não sou professor falando bem e rápido. Tenho que jogar no meu tabuleiro e com as peças que tenho. E sim, tenho que ser soldado. Eu neste momento sou um soldado, afinal de contas. Um cabo de merda é o que é. Mas sou também o general, há que ver. No entanto, é ainda inevitavelmente a pátria que sirvo na maior parte do tempo e não a minha pessoa. De qualquer maneira estou cá de passagem e a carreira não me interessa, contudo, é a pátria que detém a minha terra e os meus e, é aí que reside o problema. É por isso que aqui estou. Aqui para se ser o monge como o Agostinho da Silva diria tem que se ser o soldado. Apesar do meu objectivo passar por ser um e outro simultaneamente para ser algo ainda mais evoluído: Para ser o índio! Havei dito! Voltando um bocadinho atrás, é fabuloso como recupero a liberdade se mantenho esta disciplina. O tempo continua a escassear mas enquanto dura eu sou. E até parece que ando aí aos pulos em pézinhos de lã. Esta foi um bocadinho abichanada. E que seja! Adoro isto: ser tudo e não ser nada. E não me poderem acusar de nada porque eu não sou nada efectivamente, e, ao mesmo tempo, sou tudo. Pois, felizmente, não sou uma daquelas muitas vítimas que são apenas a reacção à acção que sofrem. E assim assumem um único papel, normalmente, na menos má das hipóteses, o papel contestário, claro. E que por ser contestatário as consola, as protege e satisfaz. Mas a questão é outra, é ser um Marlon Brando que marchava tudo o que lhe aparecia à frente, que foi estrela de Hollywood multifacetada ao mesmo tempo que lutava pelos direitos dos negros na América e dos índios Dos índios, meus amigos... É, o difícil mesmo é não entrar nessa cadeia infindável da acção reacção, não nos identificarmos com o agressor em linguagem psicanalítica, o difícil mesmo é a não resistência de que fala o Aikido: temerária mas que possibilita manter clara a visão e viva a integridade. Por exemplo, a minha mãe gosta muito do Bruce Willis, lá está um guerreiro, ou melhor, um peão, um objecto sexual. Mas ela gosta... E no entanto a coragem, a verdadeira coragem reside na paz. É difícil gajo mais corajoso que o John Lennon. Lá está. É que há muito mais coragem na paz que na guerra. Metade da população conseguiria ser um Bruce Willis. Porra, é fácil! Agora um John Lennon... Fica o desafio. É que a questão é que na paz quem está lá somos nós, e somos nós quem vai à luta. Isto porque na paz anda-se nú e de braços abertos. Na guerra não somos nós que vamos à luta.
Não somos nós é o soldado, o soldado que nós não somos.

28/10/2008

Ah e tal...

Saí, mais uma vez, de uma aula de Sociologia do consumo e estilos de vida mas desta vez não houve "transformações", o que aconteceu foi que tinha sido inundado de teoria sociológica. Um autêntico dilúvio: O paradigma marxista que se proprunha analisar o modo de vida das pessoas a partir da classe social, isto é, essencialmente a partir da sua dimensão económica, apoiado no denominado materialismo histórico, tinha progressivamente vindo a ser ultrapassado agora na dita época do pós-fordismo, da segmentação do mercado, da reflexividade social, da globalização, da emigração, da emergência das classes médias, da individualização por um novo paradigma pretensamente mais evoluído. Os agora chamados estilos de vida deviam ser analisados a partir não só da classe social. A questão parecia apresentar-se bem mais complexa, mais rica. Neste seguimento teórico apareceram, então, entre outros, os pós-modernistas a classificar a nossa sociedade de hedonista, pluricultural, pluri-identitária, afirmando que os jovens de hoje em dia vivem um "presente contínuo", centram-se no mundo sensível, reunem-se em tribos, exploram e degustam como nunca a Liberdade. Vivem à margem da superestrutura. Afirmação característica destes movimentos e muito importante...
Pois, ora muito bem. Isto é muito bonito, mas analisando o que se passa à minha volta com olhos de ver, o que eu vejo são tribos de jovens das mais variadas e exóticas com grande sentimento identitário e gregário a desagregarem-se logo na universidade se não conseguem enfrentar a hercúlea compatibilização das suas vidas com os estudos, ou, senão, logo a seguir, na entrada para o mundo do trabalho precário e, há que afirmá-lo também, bastante desumano. Vejo, por exemplo, bandas castiças, com qualidade e carisma a ficarem pelo caminho: -"Isto está nas mãos do mainstream, não há volta a dar-lhe", dizem-lhes. Vejo também jovens cheios de criatividade, de vontade, de ideias novas a serem castrados na universidade ou mesmo logo no liceu, exactamente os locais que deviam estimulá-los e, como, diria o outro, edificarem autodidactas. Isto porque: "o mercado está muito exigente"; "isto lá fora está muito competitivo"; "deixa-te de ideologias"; "o que tens a seguir é esta linha, é o que se faz no estrangeiro, é o que está a dar, é a única coisa que parece que funciona"; "não percas o teu rumo, vais ver que com sorte e com muito trabalho ainda és capaz de te safar". Que sentido teria a frase de Kennedy nos dias de hoje: " Não perguntem o que a América pode fazer por vocês perguntem o que é que vocês podem fazer pela América." dirigida aos ouvidos dos nossos jovens. Com as vazas cortadas e já subservientes provavelmente fingiam não ouvir ou fugiam dali para fora apavorados.
De qualquer maneira há sempre uns que aguentam o trajecto universitário mantendo alguma integridade e sangue na guelra. Saiem cá para fora e cheios de projectos lá avançam com uma pequena empresa inovadora e promissora. Só é pena é o mercado estar como está, entregue à "mão invisível", com monopólios, oligopólios, desregulação de preços e sem entidades reguladoras dignas do seu nome. Mas mesmo assim talvez ainda se safem, um ou outro. Só é pena se ficam clientes para pagar com contratos feitos e não o fazem por saberem estar defendidos por um sistema de justiça completamente deficiente e ineficiente que rapidamente encorajará estes últimos jovens a a declararem falência.
-Tudo isto é um bocado chato. Mas calma, porra! És muito nervosinho tu, um pessimista de primeira. Ao menos somos uma sociedade hedonista que vive como nunca para o prazer, para si próprios. Uma sociedade que valoriza o indivíduo acima de tudo. Nunca se viajou tanto... Até o Zé do café já foi às Caraíbas, queres apostar? Agora o facto do endividamento ser um fenómeno completamente generalizado e promotor de miséria isso é outra questão. Organiza-te! Olha como as pessoas saem à noite, a quantidade de espaços nocturnos com uma oferta tão diversificada. Não me venhas dizer que o facto desses espaços serem na maior parte das vezes fechados e pouco propícios ao convívio influencia alguma coisa, ou ainda que o facto de cada vez mais pessoas consumirem drogas pesadas olimpicamente na noite e organizarem orgias maradas tem alguma coisa a ver com o dia a dia que têm. Não... Não percebes nada disto. Confundes tudo. Juntas alhos com bogalhos. Lá por uma pessoa trabalhar 10 horas por dia, ser mal paga e não trabalhar no que gosta não quer dizer que não se consiga divertir. Não quer dizer que não se consiga realizar pessoalmente não quer dizer que isso afecte a sua saúde mental e muito menos que dificulte a criação de relações com outras pessoas. Descontrai um pouco, ou vê lá se te calas, então! Não tenho tempo para isto... Amanhã tenho que ir trabalhar porra! Desaparece-me da frente, estás -me a deixar nervosa.

O que eu quero deixar claro, e o Rodolfo já me vai chamar de comuna, é que a vida social, o indivíduo que somos, do qual eu não gosto muito, o indivíduo característico da sociedade como a entendemos hoje, é inequivocamente indissociável do económico, é indissociável da superestrutura. Estas questões não podem ser ignoradas nem sequer minoradas dentro da nossa consciência política. É muitíssimo pertinente reler Marx nos dias que correm. E Keynes também... Estas novas teorias pós modernas côr-de-rosa, nas quais eu reconheço algumas qualidades, são muito engraçadas mas não almejam o filme todo. Se aqui escolhermos viver, isto é, senão fugirmos para uma qualquer comunidade isolada (uma possibilidade bem provável nos tempos que correm), há que ter bem presente o paradigma marxista. Nesta sociedade nunca haverá liberdade sem uma superestrutra que a proporcione e que a legitime (duas acções também obviamente indissociáveis). Era bom que as coisas não fossem assim.
Mas são carago!!!!
E se assim é:
-Tomemos os edifícios!...

26/10/2008

Dia 23 de Outubro de 2007:
O orgão das memórias sentimentais nasceu já trabalhando.Cresceu comigo e depressa se habituou aos percalços da vida.A terra girou e girou .Um dia parou para observar, surprendido ficou ao ver que mais nada mexia.Que afinal o seu recheio era ar.Estava oco, sozinho e escuro.Mirrou, contraiu-se sem nada poder fazer e expulsou o ar.Desfez-se como uma onda e deixou-se levar pela corrente.Desfeito , rendeu-se à água e à ríspida areia.Desistiu.Desisto

Dia 26 de Outubro de 2008:
O orgao nao parou de tocar como era esperado.Nao pára , infelizmente a meu comando.
Sobrevive vazio e escuro.Nao é nada animador isto...Para onde me encaminho e o que é que estive a fazer este tempo todo?
Como cheguei a isto?

25/10/2008

Lado a lado

Estou sentado a apontar o que o meu professor de Sociologia de Consumo e Estilos de Vida vai dizendo quando, de repente, todo o meu corpo pulsa, pulsa violentamente. Arregalo os olhos! E pulsa uma, outra e outra vez, os músculos contraiem-se e dilatam-se contraídos. O poder é imenso! O meu sangue dispara, a energia transborda, tudo em mim lateja. Saio a correr da sala de aula! -Bruahhhhh!!! Que êxtase, que prazer, que poder!... A certa altura começo a ver tudo à roda e mesmo assim a força não pára de aumentar, vai-se tornando progressiva e crescentemente desagradável até se tornar insuportável. Mas esta força tem devir portanto incapaz de se desenvolver e instalar devidamente em mim começa a soltar-se e liberta-se do meu corpo cuspindo-me. Deixa-me inerte e completamente exausto no chão e avança decidido. Move-se como que flutuando sobre o chão apesar de cada passo que dá soar a um rugido tectónico. Caminha arrastando consigo quem não se afasta do seu caminho ou afasta-os ele próprio com uma hábil e ágil tremenda violência só por mero capricho. Vêem-se pessoas a voar pelas janelas do ISCTE. Uma ou outra ajoelha-se à sua passagem em jeito de apelo misericordioso ao que ele responde: -Levanta-te miserável, faz como eu. Porque perdes tempo?
E segue, no seu passo de devir. Um professor, uma qualquer personagem com a ilusão e o fardo de pensar que representa a autoridade tenta impedi-lo. Tenta em desespero de alguma forma manter uma ordem. A força dionísica agarra-lhe a cabeça apenas com uma mão e: -Clackkk!!! A cabeça do professor é literalmente esmagada contra a parede. Dirige-se para o centro de Investigação, ao que parece. Ainda antes de chegar destrói a entrada do edifício com a força que um movimento brusco do seu imponente braço produz. -Se aqui mora o vosso saber quero uma entrada simples! Uma entrada ampla e convidativa. Entra e aproxima-se do apavorado segurança escondido atrás da sua secretária. Diz-lhe delicadamente: -Só um pequeno aviso aos da casa, meu caro. Nada mais. Eleva o braço e dá um murro na secretária. A força é tal que a secretária se desintegra, o edifício estremece de uma ponta a outra, os azulejos partem-se e os vidros estilhaçam-se. Por fim, fala: - O paradigma mudou meus amigos. Nesta casa, a partir de agora, em vez de perguntarem à Ciência o que ela pode fazer por vós e pelo vosso país vão, ao invés, peguntá-lo a vós mesmos. "O que é que eu posso fazer por mim e pelos meus?", é a nova pegunta de partida. Agora sim, ao trabalho miseráveis!!!
A sua voz não era gutural, era ainda mais profunda. Parecia não lhe pertencer apenas a ele. Era incrivelmente poderosa e, no entanto, parecia dar-se estranhamente bem com o silêncio. Talvez por isso soasse a verdade cada frase que dizia.
Vira o rosto para a saída. O devir mantém-se mas o seu olhar está diferente. Sem rodar o corpo antecipadamente dispara-se num potente salto para o pátio. Observa o espaço. Localiza, então, os protagonistas do seu desejo e num só gesto veêm-se três raparigas saltar do lugar onde estavam para os seus braços gigantes. As raparigas berram de pânico, mas este Dionísio tem surprendentemente uma tal arte que a posição dos seus braços parece produzir um sentimento de um abraço absolutamente protector e infinitamente amistoso às raparigas. Rapidamente se recolhem em silêncio. Laça-as às suas imponentes costas e voa dali para fora. Parece que ainda foi à margem Sul, ao Parque das Nações e a Cascais com o mesmo propósito.
Dirige-se, agora, para Sintra. Vem a voar e uma das raparigas queixa-se de frio. Dionísio deixa-se cair, mas como voava sobre o mar, para não molhar quem o acompanhava, afasta as águas de forma a caminhar sobre o fundo marinho, agora, um ambiente quente e seco, certamente do agrado das suas passageiras. Chega finalmente a uma bela praia e prepara-se, então, para possuir não uma nem duas mas as seis raparigas por si escolhidas. Estende-as sobre a praia, uma de cada vez, cuidadosamente, observando-as e, prepara-se. Os seus olhos brilham sobre uma ansiedade ardente mas não há devir no seu brilho, algo o perturba. Dionísio arfa! Está apaixonado, apaixonado pelas seis raparigas. E a sua força parece dividir-se pelo mesmo número, esvaindo-se sem destino. Desesperado Dionísio apressa-se a possuir as seis raparigas. Mas está desorientado, age com uma violência desgovernada. Sem conseguir obter prazer atinge o limite e ruge! Um rugido de tal forma poderoso que este mesmo o desintegra em conjunto com as seis raparigas...

Acordo sobressaltado com o barulho de uma imponente vaga. Estou na praia da Ursa. Deixei-me adormecer depois de meditar e a "fera" do meu cão lambe-me a cara. Afasto-o. Olha-me com aquela ar selvagem de desafio. Quer passear basicamente e rodopia e rodopia, baixando-se em seguida, novamente em apelante posição de desafio. Eu retribuo-a também baixando-me e aceitando a proposta afagando-lhe o focinho em sinal de aprovação. Ele percebe e começa a correr em pulgas. Corro também um pouco com ele.
Já mais ao longe vê-se:
eu e a fera
a passear,
lado a lado...

It's just a game

Escreveria de bom grado para uma outra morada,
lá um momento indigesto aparece romance.
Aqui ou lá é indiferente,para mim.
Seria também muito diferente se o tempo nao
ganhasse sempre em paciencia, nem a cabeca
em suposicoes.
Recebi uma escrita sem cedilha o
natal passado.Recebi também aquilo que um
outro agora conhece e que ainda nao consigue explicar.
Nao recebi um til também.
Trágico?Dramático
talvez...Culpo a mesma coisa que me impele a muitas
outras coisas, e boas também.Por agora nada mais
concreto consigo escrever, enquanto me deixo levar
pelo impulso de procurar a escrita antiga.
A procura
exaustiva assemelha-se cada vez mais a uma saga
que nem mesmo a persistencia que tanto tempo
durou se sente com forcas para enfrentar.Isto irá
morrer nem que seja por falta de memória.Será que
convosco também é assim na verdade?
Duvido e nao quero que assim o seja.
Ora entao.

24/10/2008

Porque me apetece dar porrada a esta

Doce civilização cheia de bandidos e malfeitores, que terna identidade que a maldade lhe traz.
Cores, flores, cheiros e sabores escondem o tão tentado veneno que todos os dias nos trai. Comemos, bebemos, compramos e gastamos em seu nome. Deles, os que nos organizam. E como formigas cumprimos os seus rituais, defendemos as suas missões. Eles que estão no comando ditam as novas regras, mas não sabem mais do que nós. De suas normas geramos provérbios e ditados, criamos novas palavras inventando e reinventando doenças.
Eles são grandes mas não são maiores. Somos nós que os que os alimentamos, fomos nós que os criámos, somos nós que os apagamos. Acreditamos neles até querermos pois um dia vamos ter que desconfiar. Sem cara e sem nome caminhamos lado a lado numa avenida qualquer. Por pouco não nos falamos, apesar de ocasionalmente isso poder acontecer.
Quando pensamos assistir a uma sua doce e ingénua sede de poder, hipocritamente identificamo-nos com ela pois é também convictamente que defendemos os nossos ideais. Glorificamo-nos e em nome próprio, encarnamos partidos e causas superiores. Pretendemos sempre mais, mais e mais sem prever quando estamos saciados.
Temos fome de tudo, raramente estamos fartos, nós, gostamos daquele veneno. Eu gosto de veneno, sou viciado.
E que merda, acho que todos gostamos.
Mas penso que o veneno deve estar a acabar, o petróleo já está quase, e eu até ando de comboio. Acho que estamos a gastar demais, só isso. Nós os que gostamos de cores, cheiros e sabores.
Este sistema não desenvolve. A engrenagem está em esforço e sente-se o sobreaquecimento das soldaduras.
Gritemos todos por um novo líder, já estamos a pouco das eleições. Primeiro catalogamos o que nos falta e logo nos esqueceremos que temos é coisas a mais, não sejamos extremistas, inventemos posições.

21/10/2008

1.2.3

É agora. É agora que parto para uma nova missão. Puta de vontade que me empurra, estava tão bem quietinho. Agora vou ter que pensar, criar um método e organizar-me.Que merda de vida cheia de planos para tudo. Mas vai, faz-te falta esse dinheirinho, ficas nervoso um bocadinho e depois comes o bolinhinho/inho inho inho puta do inho faz parecer tudo mais fácil. É como dar um tirinho, ou um parvinho, parvalhão! Olha...faz-te à estrada então, não te podes é conformar. É sistema do dinheirinho...!Ou entao pensa noutro sistema de troca, no valor comunitário, no valor da pessoa e da sua acção, depois tenta encontrar maneira de quantificar e contabilizar esse valor numa forma que não sejam os números e reorganiza a tua ideia. Quanto vale ela afinal? Não és assim tão bom, senão sabias quanto que vales. Em que mundo vives meu banana?

20/10/2008

Tripas à Moda de Monsieur Ramos

O outro dia, ao ler um jornal surpreendentemente interessante (A23) fiquei presa a um artigo de Manuel da Silva Ramos.
Começa por dizer que foi ao Porto para dar uma conferência no café Guarany cujo tema era " A importância do pensamento Gnóstico no desenvolvimento do Orgasmo feminino". Um tema aliciante para os jovens dizia ele embora "Não Goste do Porto.Acho-o pegajoso como capuchinho do Portas e religioso como uma freira pasmada que acaba de sair da Catedral da Santíssima Trindade em Fátima que mais pareçe uma praça de Touros."
Achei hilariante este desbocar tão típico de quem realmente é do Porto.Já discuti esta temática com muitos nortenhos e Cada vez mais sinto uma raiva crescente porque "eles" não têm qualquer tipo de preconceito em falar Mal de Lisboa...E de barato, porque provavelmente sempre ouviram os pais, os tios os avós e enfim, toda a sua comunidade orgulhosa de gente "à séria"é do Norte Carago!Um homem à seria é do Nuorte!!A minha resposta inicialmente calma, cresceu em indignação porque sinceramente não há paciencia para uma hostilidade estúpida, gratuita e tão pouco fundamentada.Eu adoro o Porto, adoro Lisboa, posso dizer que adoro todo o Portugal, mas em que é que dizer que os pasteis de nata não são pasteis de belem muda o facto de em belem se comerem uns bons pasteis?
Só parecem estupidos voces...
O senhor Manuel continuou a sua descrição do "único sítio que vale a meus olhos um dedalzinho de indulgência".Lá encontrou um amigo que (e para o bem de todos apartir de agora o citado estará em itálico porque isto das aspazinhas já me está a irritar e lembra-me alguém a fazer aquele gestozinho idiota e forçado com os dedos) Nascera na província e desse tempo ficara-lhe a paixão das tascas e das putas.Víamo-nos às vezes em Lisboa no lançamento de livros, vernissages de pintura ou concertos de cantores franceses.Sentou-se e encomendou umas tripas.
Mais tarde já na tal conferência, meio vazia porque enfim, a cultura nunca arrastou multidões neste país que vive a trivialidade do costume, problemas de saude derivados de questões financeiras, explicou então que em 1945 foram encontrados no egipto toda uma biblioteca gnóstica em papiro e em tradução copta.Explicou então o conceito de gnose.
Eu, ignorante não sabia de nada de nada.Uma pesquisa rápida esclareceu:
Gnose é conhecimento superior, interno, espiritual, iniciático.Em filosofia, epistéme significa "conhecimento científico" em oposição a "opinião", enquanto gnôsis significa conhecimento em oposição a "ignorância", chamada de ágnoia. É a busca do conhecimento, não o conhecimento intelectual, mas aquele conhecimento que dá sentido à vida humana, que a torna plena de significado porque permite o encontro do homem com sua Essência Eterna e maravilhosa.
Claro que o gnossismos (" ") é forte no brasil, e nao querendo ofender ninguém os gregos nunca quiseram que os seus ditares se transformassem numa cultura de massas que grita aos céus...
Compreendo e fascina-me a gnose como conceito cientifico, filosófico e artístico mas religioso é já mais dificil de aceitar quando na base da sua definição está o conhecimento em oposição à opinião.Como é que isto se traduz na aceitação firme da existência de um Deus?
Enfim, Retomando:
(...) e disse-lhes que à força da experiência lendo ora o Apocalipse de Adão (...) às mulheres apaixonadas elas entravam imediatamente num longo e puro orgasmo.Não era de admirar disse-lhes eu, não havia em toda a alma abrasada o desejo de recuperar o que ela tem de divino?
Chegou o lemos e lá foram em busca das merdetrizes.Na vigésima casa o Senhor Ramos escolheu uma Brasileira de ascendência Japonesa, altíssima (...) Cara de gueixa num corpo escultural.Esta mestiçagem excitou-me.Descreveu literalmente tudo aquilo que fizeram com toda a naturalidade que o calão lhe ofereceu e depois explica como a revelou.
Sabes quem eram os gnósticos?Umas pessoas como nós.Acreditam na salvação pelo conhecimento.O sofrimento do exílio está na base dos gnósticos.
Ao que ela respondeu: Eu estou neste mundo mas eu não sou deste mundo.
O texto continua: Se a vida é éxodo o gnosticismo dev encontrar vias que lhe permitam o regresso à pátria de origem.O conhecimento é o instrumento desse regresso que se chama salvação.
Em vésperas de exodo, não deixo de me fascinar por estas afirmações.Todo o texto me despistou um pouco, pela maldita ignorância , mas não deixou contudo de me ferir.Não sei àcerca da salvação mas sei qual é a minha pátria de origem.Lá não está o conhecimento.
Não sei para onde vou, nem porquê.
Mas vou.

O triunfo da mente de um super-herói

O ritmo que respiro é inconstante porque inspiro dúvidas, incertezas. Depois, expiro consciência e tranquilidade. Gozo o que sinto e tento compreender o que me invade. Desfruto a inconstância do meu ser e tenho que tomar partido dela. Tomar o partido da minha vulnerabilidade exprimindo tudo o que lhe respondo lá de dentro. Longos pensamentos acelerados. Tudo me passa pela cabeça. Tão depressa que me apaixono por ti por ele e por nós. A que se deve tamanha inconsciência? Porque te apaixonas sem medo de cair, será porque não te vais entregar?
Apaixonas-te vezes demais ó tu que veneras a vida. Iludes-te, sim capitão! És tu que estás no comando...sim. Leva até onde quiseres essa loucura mas perde-te nela pois mal sabes o que é navegar. Pensas que arriscaste nas tuas viagens mas nada fizeste. Continuas preso a ti mesmo e aos teus medos porque não te deixas levar nesta viagem. Armas-te em bom sem saberes se estás certo e confias ser belo o que tocas com a mão. Tu não tens esses poderes. Mal sabes tu o que é ser bom. Experimenta correr que nem um perdido, gritando a gritar palavras cruas. Tropeça de propósito e magoa-te. Torna a levantar-te. Dos teus joelhos sangrados não sintas pena pois eles ainda não sabem o que é doer. Continua em frente e procura magoar-te a sério desta vez. Tenta cair de uma falésia ou duma ravina. Mas não morras. tens é que sentir a dor. Passado um tempo esta passa e estás de novo a correr, e gritas que nem um perdido e levas cicatrizes contigo e sabes que não vais morrer.
Expira quando começares de novo. Expira outra vez.
Dá espaço à loucura que te vem de dentro pois não podes chocar ninguém. São poucas as palavras mesmo feias, e até essas podes utilizar. São mesmo poucas as coisas que não podes fazer. O que te prende afinal? Eu tua mente vivo tudo e tu nada fazes, aproveitas-te de mim. Faz qualquer coisa ó tu que tanto pensas em revolta mas favor pára de pensar nela.
Mexe-te, ó apaixonadinho...se achas que tens que viver.

18/10/2008

Cliché

Ao acordar vasculho por entre os cantos daquele poço infinito a que chamo mala e encontro os fragmentos da noite de ontem:
"O elixir D´Amor"_de gaetano Donizetti
Pernas_ Culturgest
"Jerusalém"_Teatro O Bando
"Memórias do Mar, A alma do navio "
Inspirador...Gostei de encontrar estas coisas e perceber que se manteve por entre a visão desfocada algum sentimento no que recolhi e trouxe para casa.
Depois encontrei uma máquina que ja tinha esquecido que tinha.
Ver fotos é ver o passado.
Ainda ontem te encontrei numa caixa branca cheia de memórias.A fotografia singela, mostra algum movimento.A linguagem corporal mostra-te de perfil, a olhar para trás com aquele sorriso nos olhos de quem diz: Eu sei onde vou.
Sempre fugidio foste...A mensagem escrita é bonita.
Obrigado.
Resignada e atrapalhada crio novas fotografias.Quem nelas está, parece-me familiar.
É Outro daqueles fugidios que sorri com os olhos...Já os conheco e sei que só resultam em fotografia.
Venha mais uma noite.

09/10/2008

Título

Escrevo porque consigo escrever. E cá estou de novo.
Num momento indeterminado algo despoletou em mim.
Passou-me a ressaca e acordei no agora.

As palavras voltam a sair em conjunto e comunico.
Há novas coisas que me agradam e até me fascinam, "coisas" que me fazem mover.
Estava cansado de pensar pensamentos em espiral e que muito me cansavam. Efeitos da desilusão, questiono se até hoje, alguma vez estive iludido.
Verifico que o que identifiquei em tempos como fluido, revejo hoje como contínuo e estagnado.
Contínuo e estagnado.

A energia que me invade abre portas a um novo eu.
Há coisas que só a mim interessam e não me posso esquecer delas. Sinto-me capaz de as defender perante todos, enquanto arranjar argumentos. Não tenho medo de os cansar (teoricamente falando).
Hoje penso sem vontade de pensar e as ideias aparecem de novo. Teorizo todas as coisas e falo sem ter que pensar. Repido, sem ter que pensar.
Debato-me com os mais ínfimos problemas, questões que não interessam.Retiro-lhes grande prazer.
Ligo isto à minha consciência, será que voltou a ter alma?
Ontem fomos à Quinta. Nunca gostei muito daquilo, ontem gostei.
Lá estavamos nós, eu, o Águas e umas minis que nos acompanhavam.Conversámos.
Partilhámos, o que ia dentro de nós e senti que me estava a explicar melhor, como há muito não conseguia.
As palavras saiam naturalmente e nada me podia afectar. Tentávamos encontrar melhorias no nosso processo criativo.
Conseguimos, melhorámos, porque falámos.

O definido e o indefinido hão-de nos perseguir durante toda a vida. Penso que nunca conseguiremos dominar a sua abrangência.
Ouvi num programa de rádio há dois dias: A felicidade está na sala de espera da felicidade.
No mesmo programa, o entrevistado, um senhor espanhol bastante carismático, disse também que o para além do medo, a liberdade é uma das três maiores barreiras à felicidade. Da terceira. não se lembrou...engraçado o senhor.

Na sucessão de outras mensagens que fui recebendo às prestações (talvez por estar mais receptivo ou acordado) identifiquei e relativizei alguns dos meus problemas.
Eu voei, sonhei e avancei gritando liberdade, mas estava conformado. A ambiguidade, a generalização e a ambição vedaram-me a capacidade de traçar um caminho consciente. A liberdade privou-me de muito conhecimento pois testava-me a mim próprio. Contínuo e estagnado, ilimitado, experimentava viver assim.

Não sei ainda a solução nem defini um caminho, mas já sei por onde andei. Hoje limpo o meu espirito e tranquilamente espero por ter mais "coisas" para pensar.
Respeito em mim a dualidade e ambivalencia das minhas opções. Sei que sou eu que as tomo, tenho que prosseguir.