30/04/2008

Quando se toma uma vida,
outras se deixam de lado,
só no puro imaginar
ficarias descansado;

mas o puro imaginar
só Deus o teve criando
e o que por ser lhe surgiu
é o concreto em que eu ando

e em que peno por saudoso
do futuro que seria
se fosse outro o passo dado
para a meta que não via

Agostinho da Silva

26/04/2008

VAZIO
NADA
ZERO
NULO
NADA
ZERO
NULO
VAZIO

ZERO
NULO
VAZIO
NADA
NULO

Informações que precisam de ficar bem registadas!




Informações que precisam de ficar bem registadas! II

Vamos lá ver se compreendemos o que se passa...

"Opinião: Dias depois do colapso das bolsas mundiais

George Soros: esta é a pior crise dos últimos 60 anos
24.01.2008 - 08h52

A actual crise financeira desencadeada pelo colapso da bolha imobiliária, nos Estados Unidos, marca também o fim de uma era de expansão do crédito assente no dólar como a moeda de reserva internacional.É uma tempestade muito maior do que qualquer outra ocorrida desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Para compreender o que está a acontecer, precisamos de um novo paradigma. Esse paradigma está disponível na teoria da reflectividade que propus pela primeira vez, há 20 anos, no meu livro "The Alchemy of Finance" (A Alquimia dasFinanças). Esta teoria defende que os mercados financeiros não tendem para o equilíbrio. Opiniões tendenciosas e ideias erradas entre cooperadores dos mercados financeiros introduzem incerteza e maior imprevisibilidade não apenas relativamente aos preços do mercado, mas também aos princípios fundamentais que se espera que esses preços reflictam. Entregues a si próprios, os mercados têm tendência para extremos de euforia e de desespero. Na realidade, devido à sua potencial instabilidade, os mercados financeiros não são deixados entregues a si próprios; estão a cargo de autoridades responsáveis cujo trabalho é manter os excessos dentro dos limites. Mas as autoridades também são humanas e sujeitas a opiniões tendenciosas e a ideias erradas, além de que a interacção entre os mercados financeiros e as autoridades que os controlam é também reflexiva.Os ciclos económicos de alto se baixos (boom-bust) giram normalmente em torno do crédito e envolvem sempre um preconceito ou uma ideia errada– normalmente uma falha em reconhecer uma ligação circular reflexiva entre a pronta disponibilidade para emprestar e o valor da garantia. O recente boom imobiliário dos Estados Unidos é um bom pretexto. Mas o super boom dos últimos 60 anos é um caso mais complicado. Cada vez que a expansão do crédito causava problemas, as autoridades financeiras intervinham, injectando liquidez e descobrindo outras formas de estimular a economia. Isso criou um sistema de incentivos assimétricos – também conhecido como perigo moral – que favorecia uma expansão cada vez maior do crédito. O sistema tinha tanto sucesso que as pessoas acabaram por acreditar naquilo a que o ex-Presidente Ronald Reagan chamou “a magia do mercado” e a que eu chamo fundamentalismo do mercado.Os fundamentalistas crêem que os mercados tendem para o equilíbrio e que se serve melhor o interesse comum se se permitir que os participantes ajam em interesse próprio. Isso é um equívoco óbvio, porque foi a intervenção das autoridades que evitou que os mercados financeiros entrassem em colapso, não foram os próprios mercados.No entanto, o fundamentalismo de mercado instalou-se como ideologia dominante nos anos 1980, quando os mercados financeiros começaram a tornar-se globalizados e os Estados Unidos começaram a sofrer um défice de conta-corrente. Desde 1980 que as regulamentações têm vindo progressivamente a afrouxar até que praticamente desapareceram. EUA e a globalizaçãoA globalização permitiu que os Estados Unidos absorvessem as poupanças do resto do mundo e consumissem mais do que aquilo que produziam, com o seu défice de conta-corrente a atingir os 6,2 por cento do PIB em 2006. Os mercados financeiros encorajavam os consumidores a pedir empréstimos introduzindo instrumentos financeiros cada vez mais sofisticados e condições mais generosas. As autoridades financeiras ajudavam e estimulavam o processo intervindo sempre que o sistema financeiro global estava em risco. O "superboom" ficou fora de controlo quando os novos produtos financeiros se tornaram tão complexos que as autoridades financeiras já não conseguiam calcular os riscos e começaram a contar com os métodos de gestão de risco dos próprios bancos. Do mesmo modo, as agências de "rating" contavam com a informação fornecida pelos criadores de produtos sintéticos. Era um abdicar de responsabilidades verdadeiramente chocante. Tudo o que podia correr mal, correu mal. Começou com as hipotecas "subprime" (créditos hipotecários de alto risco), alastrou a todas as obrigações de dívida com garantia, pôs em perigo a mediação de seguros e resseguros municipais e hipotecários e ameaçou destruir o mercado de trocas com um incumprimento de crédito de vários milhões de milhões de dólares. Os compromissos dos bancos de investimento com aquisições alavancadas transformaram-se em passivos. Os fundos de cobertura sem risco acabaram por não ser sem risco e tiveram de ser postos de parte. O mercado do papel comercial coberto por activos estagnou e os meios especiais de investimento estabelecidos por bancos para retirarem as hipotecas dos seus balanços já não conseguiam passar sem financiamento externo.O golpe de misericórdia aconteceu quando o empréstimo interbancário, vital no sistema financeiro, foi interrompido pelo facto de os bancos terem de gerir os seus recursos e não poderem confiarnos seus homólogos. Os bancos centrais tiveram de injectar uma quantia sem precedentes e tiveram de alargar o crédito sobre títulos sem precedentes ao maior leque de instituições de sempre. Isso transformou a crise na mais grave desde a Segunda Guerra Mundial.À expansão do crédito deverá agora seguir-se um período de contracção, porque alguns dos novos instrumentos e práticas do crédito são perversos e insustentáveis. Além disso, a capacidade das autoridades financeiras de estimular a economia está limitada pela falta de vontade do resto do mundo para acumular reservas de dólares adicionais.Até há pouco tempo os investidores esperavam que a Reserva Federal norte-americana fizesse o que fosse necessário para evitar uma recessão, porque foi o que fez em anteriores ocasiões. Agora são obrigados a reconhecer que a Fed pode já não estar em posição de o poder fazer. Com o petróleo, os alimentos e outros bens essenciais semsofrer alteração e o renminbi[moeda chinesa, cuja unidade éo yuan] a valorizar-se um poucomais rapidamente, a Fed tem também de se preocupar com a inflação. Se as taxas de juro fossem diminuídas para além de um certo ponto, o dólar sofria nova pressão e as obrigações de longo prazo teriam de facto maior lucro. É impossível determinar qual é esse ponto, mas quando ele for atingido, chega ao fim a capacidade da Fed de estimular a economia. Embora seja agora mais ou menos inevitável a ocorrência de uma recessão no mundo desenvolvido, a tendência na China, na Índia e em alguns dos países produtores de petróleo é manifestamente oposta. Consequentemente, é mais provável que a actual crise financeira cause um realinhamento radical da economia global do que uma recessão global, vindo a verificar-se um relativo declínio dos Estados Unidos e a ascensão da China e de outros países em vias de desenvolvimento. O perigo é que as tensões políticas daí resultantes, incluindo o proteccionismo norte-americano, possam causar o colapso da economia global e lançar o mundo numa recessão – ou pior.

comentários
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29.01.2008 - 11h42 - Elber Viana de Araújo, Brasil - Rio de Janeiro
George Soros não é um gênio, e sim um raro economista com um bom-senso aguçado e uma visão global econômica, histórica e política. Talvez isso de deva por ter vindo de um condição social inferior e conquistado uma fortuna baseada sem dúvidas em idéias lúcidas e práticas, ao contrário da maioria dos economistas com formação burguesa e educados em escolas com uma influência neoliberal inquestionável, onde se acredita que o dinheiro não vem do trabalho árduo e racional, e sim de títulos podres, investimentos bancários especulativos, agiotagem e trapaças econômicas camufladas de um produto altamente sofisticado a começar pelo nome. O EUA deram corda para sua própria forca ao instituir no resto do mundo a liberização da economia sem intervenção do estado, a globalização das indústrias como se o mundo não houvesse diferenças enormes entre países. Agora vão pagar o preço de suas fábricas estarem na China onde o trabalhador ganha muito mal e trabalha 60h semanais, quero ver se o dono destas fábricas irão distribuir seu estupendo lucro para seus compatriotas sem créditos. Acho que não existe o bem e o mal, e sim a ignorância que assola a humanidade. Se há barbárie e miséria na África, é por que não perceberam que investir em agricultura e energia lá, exigindo democracia e justiça, não é só humanitário, mas muito rentável. Se há muito desemprego e salários baixos, é por quê não taxaram os rôbos que substituiram os humanos nas fábricas. A filosofia econômica atual ignora o ser humano e adora os números. Nós odiamos o ser humano, eles são despesas, gastos e ainda reclamam, os números são "mágicos", não ocupam espaço e nos enchem o bolso ao mesmo tempo!

24.01.2008 - 17h17 - Mancha Negra, Vladivostok
Pelos vistos, infelizmente ainda não é desta que o capitalismo dá o estouro. Mas algum dia há-de ser.

24.01.2008 - 16h20 - Carlos Santos, Lisboa
"Assim, o mercador ou comerciante, movido apenas pelo seu próprio interesse egoísta (self-interest), é levado por uma “mão invisível” a promover algo que nunca fez parte do interesse dele: o bem-estar da sociedade." Esta frase que reflecte a ideia central do liberalismo económico, proferida por Adam Smith, é um tremendo erro e devia ser completamente apagada dos manuais de economia e de história. Os seus seguidores, os neo-liberais (ou Nova Ordem Mundial, como lhes chama o sr. Bush), os que defendem a “magia dos mercados” devem agora ser responsabilizados pelos danos causados e de tudo o que ainda daí advier. Estas políticas são uma tragédia para humanidade e onde quer que se instalem geram miséria, degradação, desesperança, apatia e desespero. Espero sinceramente que não seja tarde demais para que, como refere Soros, "se possa evitar o colapso da economia global e que o mundo caia numa recessão – ou pior”.

24.01.2008 - 14h23 - Joe Machado, Boston, MA - USA
Não podia concordar mais com George Soros. Parece-me, deste lado de cá, que a Fed não vai ter com que intervir muito mais tempo. Por outras palavras, o travão é pequeno para a roda, que está a rodar livre à demasiado tempo. O mito de que o conjunto dos interesses privados, à rédea solta, serve o interesse público, fica assim gravemente ferido. Para os arautos da desgraça europeia, um conselho de quem vê as coisas do lado ocidental do Atlântico: dêem graças a Deus pelo Euro, pelo Banco Central Europeu e pela prudência de Trichet.

24.01.2008 - 10h26 - Fernando Martins, Nantes. França
Eis o que resta da credibilidade da FED : « O choque é mais rude ainda pelo facto dos dirigentes económicos e monetários internacionais terem explicado durante muito tempo que o pior era « pouco provável » . A FED estimava que a factura dos subprimes não deveria ultrapassar os 100 mil milhões de dólares. Doravante, essa factura já representa vários biliões de dólares ». Editorial do Le Monde de 23 de Janeiro de 2008.

24.01.2008 - 09h54 - Fernando Martins, Nantes. França
O que representa uma derrapagem anual do orçamento de 64 mil milhões de dólares para uma economia que se deu ao luxo de derapagens mensais superiores a 66 mil milhões na balança de pagamentos durante todo o ano de 2005 ? Os dirigentes dos Estados-Unidos comportam-se como o Estado-unidense médio : quando um cartão de crédito está esgotado arranja-se mais um pois pensam que haverá sempre alguém para financiar. É importante não esquecer que o défice orçamental programado para 2008 se vem acrescentar à dívida global dos E.U.A.. É engraçado notar as divergências entre a comissão orçamental do Congresso e a Casa Branca, assim como sobre o que se deve ou não incluir nestes números. Em entrevista ao diário francês Libération de 2 de Dezembro de 2007, Pierre Larrouturou apresentava a publicação do seu « Le livre noir du libéralisme » dizendo : « No Japão, nos Estados-Unidos, na Nova Zelândia, na Dinamarca, em Espanha, na Inglaterra, em todos os países que os liberais consideram como modelo, o crescimento manteve-se graças ao endividamento privado. Em 2006, a dívida dos Estados-Unidos, sem incluir o sector financeiro, aumentou 8 vezes mais rapidamente que o P.I.B…. » … « …Esta crise é apenas um começo. Nos E.U.A., a dívida total das famílias, das empresas e das colectividades (sem incluir o sector financeiro) já ultrapassa 230 por cento do P.I.B…. Se acrescentarmos a dívida do sector financeiro, a dívida global dos E.U.A. atinge 340 por cento do P.I.B. ! O que nunca se tinha visto...». Se considerarmos o P.I.B. de 13,802 biliões de dólares em 2006, essas dívidas representam respectivamente 32 e 47 biliões de dólares. Cidadãos dos E.U.A. que apenas contabilizam a evolução da dívida nacional externa (hoje superior a 9 biliões de dólares), calcularam que a mesma aumentou a um ritmo médio de 1430 milhões de dólares por dia desde 29 de Setembro de 2006. Um pouco como se, desde essa data, cada Chinês emprestasse todos os dias 1 dólar aos E.U.A. unicamente para financiar o aumento da dívida externa que estes vão agravando dia após dia. O plano de emergência anunciado esta semana pela Casa Branca representa pouco mais de um trimestre do aumento actual da dívida externa nacional dos E.U.A. e passa apenas por mais reduções de impostos que irão inevitavelmente e matematicamente agravar os défices das contas públicas. Quanto ao « agravamento das despesas com a máquina militar que se encontra no Iraque » a factura financeira já representa qualquer coisa como 2 biliões de dólares. Apostemos em nós, que, de Angola ao Brasil passando por Portugal, apesar das aparências, temos fundamentais económicos e potenciais de crescimento incomparáveis aos dos E.U.A. e doutros modelos liberais anglo-saxónicos.

24.01.2008 - 09h42 - X, Lx
"Os fundamentalistas crêem que os mercados tendem para o equilíbrio e que se serve melhor o interesse comum se se permitir que os participantes ajam em interesse próprio. Isso é um equívoco óbvio, porque foi a intervenção das autoridades que evitou que os mercados financeiros entrassem em colapso, não foram os próprios mercados." E assim se resume o capitalismo selvagem. São os primeiros a quererem açambarcar os lucros, desdenhando o Estado, vêm logo chorar a pedir protecção e intervenção do mesmo quando as coisas correm mal."

Fonte:http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1317545

23/04/2008

O leão e o circo

Ninguém, no seu perfeito juízo, pede a um leão para, num circo, se comportar como um leão.
No máximo como um gato. Se tanto...
Sejamos portanto menos exigentes connosco, tenhamos paciência.
Ou, então, ganhemos coragem para,
de uma vez por todas, pegar em nós e fugir do circo!

A leveza em tempos adversos

Às vezes sinto-me tão leve que me assusto.
Parece que me afasto, que me isolo, que me entristeço.
Parece que me deixo levar pelo vento.
Questiono, então, se estou a ser passivo nessa entrega.
Por vezes chego até a procurar, a inventar objectivos e obrigações,
a avaliar o meu estatuto social, a fazer comparações.
E ainda a recorrer a dúvidas e medos pesados
para que não me deixem levar,
para que eu me sinta com os "pés bem assentes na terra".
Mas a pulsão continua a seduzir-me elegantemente.
E de tal forma insistentemente que se torna irresístivel.
Deixo-me, então, de me tentar governar.
Resigno-me, ainda, desamparado.
E bebo dessa solidão, provo dessa tristeza, tacteio essa leveza.
Todas me sabem a mim.
E tão bem que me sabem...

14/04/2008

Vivemos sem dúvida numa selva de cimento cara amiga.Ainda bem que existem tambem coisas boas, como estas outras maneiras de comunicar.É bom poder ouvir a melodia que toca no teu universo caseiro.
A distancia perde-se...O medo é a primeira coisa a ir-se quando se perde tudo tambem.
Sera isto a que chamamos com olhar infinito, liberdade?Se assim o é, encaixa na ideia de que tudo aquilo que agora vivemos em primeira mao nada tem a ver com as nocoes com que crescemos.O que é bom na sua essencia, embora os seus minutos sejam largos e por vezes sentem-se ventos rigorosos.Ä partida, onde me espero encontrar neste preciso instante, aplicam-se as leis murphianas onde tudo se resume a uma frase, uma última conclusao simples. Estapafurdia verdade que te levara a algum lado e É tao bom nao ter caminho...
Nao sabemos nada de nada meus amigos.

13/04/2008

Obra de arte e Budismo

"Em particular, não há na obra de arte, para o budismo, qualquer valor representativo: ela não representa o mundo natural ou as paixões; pelo contrário, ela própria é um trabalho da natureza. Nesse sentido, é uma arte que vive da própria ausência de arte (ou da sua anulação). A obra cresce (e o artista cresce nela) como um crisântemo cresce na natureza. É destituída de objectivo e, por isso, mais vasta."


Hoje não me apetece fazer referência bibliográfica. Pois a verdade não é propriedade. E a sua procura nunca deve ser entendida como uma competição mas como uma obrigação. Natural, entenda-se pois é uma realidade intrínseca.

O que aconteceu foi que colhi estes escritos.

12/04/2008

"Todos fomos mal amados"

"E todos fomos mal amados", dizia António lobo Antunes, o belo gigante, numa entrevista dirigida pelo Mário crespo.
E fomos.
Mas no tempo sem tempo a doença não regride, progride.
Quanto mais mal amados, mais isolados, mais desfragmentados e mais dificuldade temos em chegar sedentos de ternura como diz o outro também. E aqui é que a natureza é cruel e não perdoa. Quanto mais na merda estamos mais dificil se torna de sair dela.
Só o sufoco da morte parece apresentar-se como saída num caminho de desespero.
Daí a alma procurar que o corpo se deprima para ressuscitar, para vislumbrar de novo, e se focar, no essencial.
Daí procurarem a guerra. É um encontro inconscientemente voluntário com a morte.
É um pedido de socorro. É primitivo, se calhar, infantil.
Um recurso à mãe, à fase intra uterina, à estrutura de outrora intacta de nós mesmos.
Mas parece que é assim que progride a história.
Sem mutações harmoniosas
pois ninguém quer dar a cara.
Nínguem parece ser capaz de amar.

Dêem-me tempo

Imerso em texturas que desconheço e que o meu corpo estranha sinto-me a asfixiar.
Não tenho tempo.
Não tenho tempo.
Tenho que acabar esta merda.
E para a semana é mais aquilo.
No ano passado correu tão mal esta fase....
Que medo, caralho!
Nem quero pensar nisso!
Dêem-me tempo. Dêem-me tempo, filhos da puta, que me roubam a minha pessoa a mim mesmo.
Vou acumulando doenças à medida que o tempo passa.
Tenho que ser aquilo, daquela maneira, porque o contexto é este.
Tenho que ser este e muitos outros mais que me impingem não podendo ser nenhum dos meus.
A minha heteronimia sufoca e desfragmenta-se. Perde a sua unidade. Confunde-se.
Cada um meu em mim se me apresenta como estranho e isolado. Carente. Assusta-me, por me passar a ideia de que posso ser só aquilo, só aquela dimensão de mim mesmo, estática, seca, presa na minha multiplicidade desorientada, no meu fluxo essencial interrompido.
Dêeem-me o tempo, ao menos.
Para eu restituir a minha unidade. Para me reconciliar com os meus.
Abraçá-los. Preciso de abraçá-los, beijá-los...
Tenho que deixar de ter medo deles, nojo deles, só porque estão perdidos, só porque estão abandonados.
Dêem-me tempo.
Dêem-me tempo senão eu mato-vos de verdade!
Espanco vos até à morte!
E espanco mesmo, caralho!!!
É justo... É aquilo que me estão a fazer.

03/04/2008

Aikido e o princípio da não resistência

Transcrevi este texto porque sinto saudades do Aikido, uma arte que eu admiro e de que gosto bastante. E também porque há nele um príncipio fundamental que é o da não resistência, que é extraordinário, e que está a fazer especial sentido no momento, um tanto ou quanto turbulento, por que estou a passar agora. Aprofundem o príncipio da não resistência até à sua dimensão interior: não resistir ao Caminho, não resistir à dúvida, ao cansaço, à ansiedade, ao medo... Não resisistir ao caminho e não resistir ao próprio caminhante, basicamente. Ah!... E contextualizem bem o texto. Não comecem logo com preconceitos de merda. Já agora, aproveito para fazer publicidade à maior personalidade do Aikido em Portugal, Georges Stobbaerts.
Um "sinhor"!

"É isso o sentido do Aikido
Manuel Galrinho

Excertos de uma entrevista dada pelo Mestre Morihei Ueshiba a 16 de Julho de 1962, a uma estação de rádio japonesa.Esta entrevista com a duração de 15 minutos foi publicada por Itsuo Tsuda, no seu livro “Le Dialogue du Silence” ed. Le Courrier du Livre em 1979.

Entrev. – O Sensei pratica todas as manhãs?

Ueshiba – Sim. A prática é uma prática solitária. Reservo a manhã para o meu treino. Não esqueço de saudar o oriente e as quatro direcções. Isto a fim de fazer aiki entre mim e o Universo, ou seja, tornar-me Um com o Universo. (…) Se digo praticar não se trata de tomar duches frios. Saúdo o oriente, faço aiki a fim de realizar a harmonia com todos os seres, com todos os fenómenos. Rendo as minhas homenagens às quatro direcções com o desejo de agir como homem correcto, enquanto japonês irrepreensível. (…)

Entrev. – Gostaria de lhe colocar algumas questões sobre o que se passou quando fazia a aprendizagem das artes marciais. Disseram-me que tinha uma saúde frágil na juventude e que, para melhorar a sua saúde, decidiu praticar as artes marciais…

Ueshiba – (…) Os meus pais não estavam de modo nenhum de acordo relativamente à minha peregrinação pelas artes marciais. Havia entre os nossos antepassados um que tinha um certo conhecimento das artes marciais e que era bastante forte. Gostava de lutar e de vencer. Os meus pais não queriam que eu me tornasse como ele. (…)

Entrev. – Mas praticou jujitsu, kenjitsu, lança…

Ueshiba – Sim, fiz de tudo. Com a idade de 6 ou 7 anos ia ao templo budista e aprendia os clássicos, as histórias e muitas outras coisas. Ao mesmo tempo aprendia as artes marciais. Mas eu não ficava numa disciplina por muito tempo. Três meses no máximo. Tinha 15 anos quando vim para Tóquio. Aprendi judo com o mestre Tokusaburo Tozawa que era co-discípulo de Mestre Kano. Aprendi shinyu-ryu e kito-ryu. Mas não me convinha porque antes de mais eram lutas para decidir quem era o mais forte.

Entrev. – O seu espírito recusava incondicionalmente as artes marciais.

Ueshiba – Sim, elas não se acordavam com o meu espírito.

Entrev. – Mas sensei. Você esteve na guerra russo-japonesa e era o mais forte de todo o regimento, ninguém o batia na arte da baioneta e era o mais resistente nas marchas forçadas. Essa força física não veio da sua aprendizagem das artes marciais?
Ueshiba – Talvez. É possível que isso seja um pouco verdadeiro. Mas através das artes marciais nunca atingiria a revelação. Tecnicamente e fisicamente, era sempre mais forte do que os outros. Fiz competições que deixavam ressentimentos nos meus adversários. Eu dizia-me a toda a hora que não devia fazer competições. Não é divertido nem vencer nem ser vencido. Mas no exército era obrigado a fazer face às dificuldades nacionais e de empenhar a minha vida para salvar a pátria… Mas no exército não há verdadeira sinceridade. A sinceridade existe, mas temos de aceitar o princípio que tudo deve centrar-se sobre o combate.

Entrev. – Isso quer dizer que se deve vencer de qualquer modo e não ser vencido.

Ueshiba – A vitória justifica tudo. Tem de se ganhar a guerra, não a perder. É lógico. Tudo é centrado no combate, ou seja no sentido da honra, é o espírito militar. A honra consiste em matar o maior número possível de inimigos, realizar feitos heróicos. Tudo é votado exclusivamente à luta. (…)

Entrev. – Sensei, você diz que o seu budo é a via do amor. É porque é muito forte que não se importa, ao contrário dos outros, em saber quem é o mais forte?

Ueshiba – Eu não olho os outros nos olhos, não olho a sua técnica, a sua maneira. Meto-os a todos no meu ventre. Como estão no meu ventre não tenho necessidade de lutar com eles. Faço tudo com a não-resistência. A não-resistência é a maior das resistências. A não-resistência protege-nos a todos. Depois dos 55 anos deixei de fazer competição. Não se deve nunca fazer competição. É fútil trabalhar com uma inteligência tão pequena. (…)
Não é necessário olhar os olhos ou o sabre do adversário. Se os olhamos somos influenciados e tornamo-nos mesquinhos. Basta ficar ali, de pé, sem pensar em nada. Então sentimos que somos um com o universo, que o universo no seu todo está no nosso ventre. Se somos atacados de improviso, estamos lá, a sorrir. E as pessoas caiem por si mesmas. Assim tudo é melhor. Toda a gente fica contente.
Por exemplo, este que está aqui é um americano. Veja isto por favor. É assim. Ele avança para mim. Se ele vem eu faço isto. Isto chega. Isto não é nada. É um exercício de gravitação pelo amor. Tudo circula. Eu faço o kiai «eii» e tudo salta duma só vez.

Entrev. – Ele deve ter 1,80m e 100kg.

Ueshiba – 112 Kg. (…) Deve medir 1,89m mas isso não é nada para mim. Isso não tem importância. Eu meço 1,55 com dificuldade. Se temos medo dos grandes o que será do Japão que é tão pequeno? Não se pensa senão na matéria. Se desenvolvermos o espírito este pode cobrir todo o universo. Eu não sou de modo nenhum desfavorecido. Que um país seja grande ou pequeno isso não tem importância. Um pequeno país como o nosso chega. (…) O Japão enquanto reino do espírito, deve guiar o mundo. Ele deve servir de centro para harmonizar o mundo. Não se deve lutar. A luta é o fim de tudo.

Entrev. – Sensei, o senhor tem 80 anos.

Ueshiba – Sim, quase.

Entrev. – Está bem de saúde. Quanto tempo dorme por dia?

Ueshiba – Duas horas. Por vezes uma. Mas o que é importante é a refeição. Como uma taça de caldo de arroz com ameixa salgada (umeboshi). Houve uma altura em que comia dois litros de arroz sem ficar saciado. Agora contento-me com uma pequena taça. (…)

Entrev. – Depois dum movimento tão violento, não fica cansado?

Ueshiba – De modo nenhum. Nunca fiquei cansado. Mesmo se praticar de manhã à noite com muita gente. Posso viver com uma sopa de arroz e umeboshi. Mesmo para uma folha de alface eu sinto gratidão, pois ela alimenta-me transformando-se em sangue e carne. Eu devo gratidão para tudo quanto existe. Hoje honrou-me com as suas questões. Isso permitiu harmonizar-nos. É isso o sentido do Aikido."

Retirado do site: http://aikideai.com/
Mas vejam também o site da "casa mãe" do Aikido em Portugal, edificada pelo grande Georges Stobbaerts: http://www.tenchi-international.com/.

Beirut... Boca!

"Que raio de (má) notícia: o FMM de Sines emitiu há pouco um comunicado que reza assim, na íntegra: «Beirut cancela digressão europeia. O cancelamento afecta o concerto programado para o dia 24 de Julho, no Festival Músicas do Mundo de Sines.A banda americana Beirut anunciou o cancelamento de todos os concertos programados para a Europa neste Verão, entre os quais o que estava previsto realizar-se dia 24 de Julho, no Festival Músicas do Mundo, em Sines. Zach Condon, fundador e líder da banda, justificou o cancelamento da digressão da seguinte forma:
"Os últimos dois anos têm sido uma experiência arrasadora. Desde as primeiras indicações de que as pessoas estavam a colocar canções do Gulag [disco de estreia "Gulag Orkestar] nos seus blogs até à incrível digressão pela Austrália e Nova Zelândia, que acabámos de concluir, tudo o que tem acontecido está para além do que pudesse ter esperado para a música que escrevi e gravei no meu quarto. Quando as coisas começaram a acontecer, decidi que queria fazer tudo o maior que fosse possível. Então, resolvi juntar uma banda grande, dar-lhe um som enorme e fazer os discos mais espectaculares que conseguisse."
"Sei que parece treta de artista, mas passar por tudo isto implica pontos baixos a par dos pontos altos. As responsabilidades de reunir pessoas em torno da minha visão, trabalhar com pessoas especiais como aquelas que trabalham directamente para a banda e também as da editora, querer assegurar que cada espectáculo é tão bom quanto humanamente possível, de modo a que cada pessoa no público se aperceba do nosso esforço, tudo isso conduz a muitas questões”.
"Chegou o momento de mudar algumas coisas, reinventar outras, e voltar com uma perspectiva nova e um monte de canções"."Por favor, aceitem as minhas desculpas. Prometo que voltamos, sob qualquer forma".
A organização do Festival Músicas do Mundo lamenta o sucedido e continua a trabalhar a sua programação no sentido de tornar a 10.ª edição do evento, que terá lugar em Sines e Porto Covo, entre 17 e 26 de Julho, em mais uma grande festa de música, como acontece desde a sua criação»."

Retirado do grande e muito estimado blog:
http://raizeseantenas.blogspot.com/,
de António Pires.
A conhecer, para quem gosta de Música do mundo.
Outro muito bom é também:http://cronicasdaterra.com/cronicas/.