23/04/2008

A leveza em tempos adversos

Às vezes sinto-me tão leve que me assusto.
Parece que me afasto, que me isolo, que me entristeço.
Parece que me deixo levar pelo vento.
Questiono, então, se estou a ser passivo nessa entrega.
Por vezes chego até a procurar, a inventar objectivos e obrigações,
a avaliar o meu estatuto social, a fazer comparações.
E ainda a recorrer a dúvidas e medos pesados
para que não me deixem levar,
para que eu me sinta com os "pés bem assentes na terra".
Mas a pulsão continua a seduzir-me elegantemente.
E de tal forma insistentemente que se torna irresístivel.
Deixo-me, então, de me tentar governar.
Resigno-me, ainda, desamparado.
E bebo dessa solidão, provo dessa tristeza, tacteio essa leveza.
Todas me sabem a mim.
E tão bem que me sabem...