12/04/2008

Dêem-me tempo

Imerso em texturas que desconheço e que o meu corpo estranha sinto-me a asfixiar.
Não tenho tempo.
Não tenho tempo.
Tenho que acabar esta merda.
E para a semana é mais aquilo.
No ano passado correu tão mal esta fase....
Que medo, caralho!
Nem quero pensar nisso!
Dêem-me tempo. Dêem-me tempo, filhos da puta, que me roubam a minha pessoa a mim mesmo.
Vou acumulando doenças à medida que o tempo passa.
Tenho que ser aquilo, daquela maneira, porque o contexto é este.
Tenho que ser este e muitos outros mais que me impingem não podendo ser nenhum dos meus.
A minha heteronimia sufoca e desfragmenta-se. Perde a sua unidade. Confunde-se.
Cada um meu em mim se me apresenta como estranho e isolado. Carente. Assusta-me, por me passar a ideia de que posso ser só aquilo, só aquela dimensão de mim mesmo, estática, seca, presa na minha multiplicidade desorientada, no meu fluxo essencial interrompido.
Dêeem-me o tempo, ao menos.
Para eu restituir a minha unidade. Para me reconciliar com os meus.
Abraçá-los. Preciso de abraçá-los, beijá-los...
Tenho que deixar de ter medo deles, nojo deles, só porque estão perdidos, só porque estão abandonados.
Dêem-me tempo.
Dêem-me tempo senão eu mato-vos de verdade!
Espanco vos até à morte!
E espanco mesmo, caralho!!!
É justo... É aquilo que me estão a fazer.

1 Comments:

Blogger Elvia Vasconcelos said...

Grande pedro...
ë bom sentir a tua vivacida neste texto.Espanca-os ate a morte entao,e descansa que estas no bom caminho.
O tempo nunca nos chegou nem nunca chegara...
Saudades

6:22 da tarde  

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