12/04/2008

"Todos fomos mal amados"

"E todos fomos mal amados", dizia António lobo Antunes, o belo gigante, numa entrevista dirigida pelo Mário crespo.
E fomos.
Mas no tempo sem tempo a doença não regride, progride.
Quanto mais mal amados, mais isolados, mais desfragmentados e mais dificuldade temos em chegar sedentos de ternura como diz o outro também. E aqui é que a natureza é cruel e não perdoa. Quanto mais na merda estamos mais dificil se torna de sair dela.
Só o sufoco da morte parece apresentar-se como saída num caminho de desespero.
Daí a alma procurar que o corpo se deprima para ressuscitar, para vislumbrar de novo, e se focar, no essencial.
Daí procurarem a guerra. É um encontro inconscientemente voluntário com a morte.
É um pedido de socorro. É primitivo, se calhar, infantil.
Um recurso à mãe, à fase intra uterina, à estrutura de outrora intacta de nós mesmos.
Mas parece que é assim que progride a história.
Sem mutações harmoniosas
pois ninguém quer dar a cara.
Nínguem parece ser capaz de amar.