30/10/2006

Contexto

Envolto num panorama completamente real , observo que se assim o entender, todo ele me pode enervar,
no entanto, não quero.
Falo da realidade que sustenta o meu dia a dia. Falo de todas as coisas.
Observo que todas essas coisas têm valor no seu contexto, no seu, não no meu.
Pois então decido descontextualiza-las mantendo-me eu no meu contexto.
De repente um homem sábio diz-me:
“Não uses todas as tuas forças, e escolhe apenas uma das tuas capacidades mentais.”
A situação fez-me outra vez pensar.
“Que homem era este e para onde foi ele?”
Continuei o meu percurso, com a pergunta na cabeça, fui andando decidido a enervar-me com tudo o que via,
no entanto era apenas o que o homem tinha dito que me irritava...
“Talvez esteja irritado com a minha própria consciência”- Penso, passados muitos passos.
E aí o homem aparece, dizendo:
Vês, descontextualizaste-te outra vez, usaste a Imaginação.”

28/10/2006

Apeteceu-me:

Vós procurais o "Santo Graal" em vez de procurardes o caminho para o "Santo Graal".
Quem procura o santo graal está à espera que lhe o ofereçam mas quem procura o seu caminho já percebeu e assumiu a sua responsabilidade nessa odisseia.

Encontrei-me no meio da rua

Hoje encontrei-me a mim mesmo no meio da rua. Não estava completamente preparado ou, pelo menos, assim o sentia, mas encontrei-me. Há que dizer que sabia que passava por aquela rua e que era, então, muito provável que nos encontrássemos, mas andava a tentar evitá-lo e o meu estômago contraído evidenciava o meu estado de espírito.
Bem, foi um momento delicado, íntimo, difícil. Ao princípio não lhe conseguia olhar nos olhos. Ele(eu) estava com um ar impecável como sempre, mas aparentava estar triste e sentia-se claramente sozinho. Passeámos lado a lado, e mesmo face à ansiedade e inquietude do momento, eu sabia que aquilo de estar ali comigo fazia sentido, estava certo por alguma razão maior. Deixei-me ir. Pusémos a conversa em dia, interrompidos, ocasionalmente, pela comoção, ora dum ora de outro, ele(eu) praguejou contra a minha ausência e questionou-me relativamente às suas razões , como costuma fazê-lo. Por fim, fizémos, uma vez mais, promessas de que nos continuariamos a ver e a mantermo-nos a par da situação de cada um.

Farei por cumprir, caro amigo, cada vez melhor...

20/10/2006

Há uma aposta na qual eu sei que sou invencível

Não há amigos como os meus...
É que não há, mesmo!
Estes gajos são os maiores!!!

13/10/2006

E há sempre um vazio que fica

E há sempre um vazio que fica. Um vazio que permanece.
À medida que avanço e invisto esforço no que faço.
Procuro adaptar-me, ocupar o meu espaço, aprender.
Procuro afinar a voz e melhor me exprimir.
Procuro melhor me compreender.
Alimentando sempre, cuidadosamente, a insaciável esperança.
Mas sempre que paro tenho a tendência de assim querer ficar.
Parado, aninhado, protegido...
Como se algo me estivesse contínua e progressivamente a escapar.
Mas e o quê pergunto-me eu.
O quê?

12/10/2006

"So little to say... and so much time." Banksy

É bom que não esqueçamos para quem andamos aqui a trabalhar....
É para nós mesmos, caralho!
É que, por vezes, no meio de tantas terceiras exigências, de tanta adaptação, nos sinuosos e tortuosos percursos do tecnocracismo esquecemo-nos da única pessoa de quem não nos podemos esquecer. De nós próprios...
Não se percam! Boa caminhada! Mas cuidado com as encruzilhadas...
Vamo-nos encontrando pelo caminho! ;)

Não confundir engenho com arte!

(É que acordas a meio e reparas que só estás a trabalhar com o engenho... E se assim for não estás a trabalhar para ti.Não o estás porque te desleixaste, por culpa tua ou não só, provavelmente, esqueceste-te da arte. E vais a ver e também ficaste lá para trás...)

11/10/2006

Lições do Aikido, lições da vida

"No movimento tudo é nuance.
Sêde o eixo da roda e ignorai se os raios giram."

06/10/2006

nirvana1

Extraordinário!

05/10/2006

Mais Agostinho da Silva

"(...) Um aspecto de Cristo extremamente importante é o aspecto da caridade, que para nós, por uso que as senhoras piedosas têm feito da palavra, tomou um significado muito diferente daquele que a palavra tem. Ter caridade para com uma pessoa não significa, como em geral pensam as pessoas, ajudá-la a viver com aquilo que nos sobra a nós. Caridade significa ver no outro a graça, charis, que está oculta pela sua miséria, pela sua falta de educação, pela sua deformidade física mesmo. O homem caridoso com o aleijado é aquele que vê nele a graça que podia tê-lo feito um magnífico atleta, se a sua sorte ou se as suas condições de vida não o tivessem levado a ser apenas um fragmento de gente. E o homem que vê no miserável, no desgraçado que pede esmola ou naquele que leva uma vida miserável, a charis interior, a graça com que ele nasceu e que perdeu vivendo - isso é que é caridade.
(...) Não, não há. Não há e é uma coisa curiosa essa que lembrou, porque a Eucaristia que tem a primeira parte da palvra eu que significa bem, é graça plena, é a possibilidade de encontrar plenamente a beleza que os outros são. Quando Cristo diz "comei e bebei de mim", ele diz: porque sois dignos disso. E dizer a uma pessoa que ela é digna, quer dizer, aquele ser divino que era Cristo dizer a alguém que era digno de o comer e bebre, era reconhecer no outro um processo de divindade interior, uma graça plena - eu charis, a graça inteira, a graça plena. De maneira que a Eucaristia é um dom, é uma esmola de Cristo como ela deve ser dada. Então para o homem a quem damos a esmola, aquela que podemos dar, plena, é aquilo que em nós há de centelha divina, não o dinheirito que fomos receber ao banco do nosso emprego, ou a comida que sobrou. É aquilo que temos de melhor, aquilo a que chamamos a nossa cebtelha divina que devemos dar. Isto é, cada um de nós devia dar ao outro a sua Eucaristia, a sua graça plena, em homenagem à plena graça que está no outro."

Outro excerto do mesmo livro, do mesmo autor...

Um verdadeiro "exemplo". E todo ele português...

"(...)
Adoptar uma só máscara? Eu acho que isso não deve ser o ideal. Porque o ideal é ir na corrente do rio, bem alegre, bem divertido com o rio, pronto para ir para todos os lugares aonde ele levar, porque acho que todas as pessoas que têm um ideal, de certo modo estão presas por esse ideal. É que o voto fundamental da pessoa deve ser, de facto, o voto à liberdade.
Claro que é impossível ter por ideal o não ter ideal, é qualquer coisa de impossível para nós e é muito bom que o homem saiba, que cada um saiba, que há uma série de coisas, que são efectivamente impossíveis para ele, mas que sabendo que são impossíveis, possa tentar o que é impossível, apenas porque ele é limitado, porque é um reflexo muito ténue, uma centelhazinha muito distantedaquilo ou daquele de que ele é imagem. Digo de propósito daquele ou daquilo, para dizer que dou perfeitamente como possível que nenhum homem, nenhum pensamento personalize o aquilo, porque talvez personificar o aquilo é já pô-lo não como nós sermos a imagem e criação dele, mas como sendo ele a imagem e criação nossa. Quando as pessoas pensam num ser divino que as vigia, que bate num, que premeia outro, etc., estão realmente a transportar-se a si próprias para uma atmosfera divina, para um poder divino que de nenhuma maneira lhes pertence. O que há lá, a tal outra coisa que pode ser tudo, é tão ilimitada, que não pode tomar nenhuma das nossas histórias; realmente, pela essência é impreisível, voa a tudo. Então talvez que o ideal da Humanidade, um ideal muito importante hoje na História, é passarmos do previsível ao imprevisível. Porque nós estamos a criar e a viver uma civilização desde a primeira Pré-História, uma civilização em que nos parece que temos por ideal o previsível. Hoje a informática e outras coisas semelhantes e todas as tentativas para criar uma inteligência mecânica, a que tantos homens se dedicam, parecem ser exactamente uma maneira de dominar o imprevisível. Então acho que só nos podemos soltar disso, começando a amar, a querer o imprevisível. Porque se o quisermos, estamos na posição de termos ao mesmo tempo um ideal - o imprevisível - e de não ter ideal nenhum, porque ele é imprevisível."

Excerto de "Vida Conversável" (com) Agostinho da Silva

02/10/2006

Se eu me pudesse sentir mal sentiria-me logo tão bem.