29/08/2007

No carro fluia uma conversa entre gargalhadas.
eles, alheios a mim estavam lá por ti, e eu também.
Que misticismo este que tens que fazes com que te sigam?

A minha mão seguiu o teu braço...um leve tocar, uma banalidade.
E finalmente o teu braço seguiu o meu...Leve tocar esse, nada banal...um arrepio de energia percorre-me e impede-me de pensar

segue-me




28/08/2007

A minha brisa

Venho de tempos espaçados.
Tempos verdes,
tempos luminosos.
De movimentos saudáveis
que nos convidam também a actuar,
e por vezes, até,
a deixar-nos pela brisa levar.
Essa brisa saudosa...
Essa brisa tão nossa.

Caminho de regresso

No caminho de regresso, ao que eu não quero chamar casa, parei numa bomba de gasolina no meio da auto-estrada com o intuito de me alimentar prósperamente. Como aliás vinha sendo habituado, fosse por boa comida, fosse por outros géneros alimentícios de maior poder nutritivo e de maior generosidade.
A bomba estava literalmente apenhada.
Saio do carro e entro no estabelecimento que me parecia ser claramente uma má opção. No entanto a música de Sakamoto ainda ressoava em mim, o que nesse momento foi razão suficiente para eu achar que sairia dali exactamente como tinha entrado.
Fui à casa de banho e para não ser surpreeendido estava também a abarrotar. Não havia espaço para nada quanto mais para um gajo mijar em paz. Afinal de contas é algo íntimo.
Os níveis de agressividade começam a subir e a expressão facial começa a reflectir a contenção devidamente necessária a um ambiente hostil.
Saio de mãos encharcadas, não há papel.
Dirijo-me à enorme fila que prometia garantidamente um insultuoso pagamento.
A partir de certa altura, só as mulheres de beleza sublime, algumas crianças que claramente abraçavam a liberdade ou uns poucos idosos que reflectiam a despreocupada e afectuosa sapiência escapavam à minha fúria. Qualquer um era visto como uma ameaça à minha integridade, à minha liberdade. A tudo!... A tudo o que de bom eu vinha acumulando e integrando em mim.
Cada encontrão que recebia tinha como resposta um impacto em duplicado e cada falta de educação era severamente repreendida.
Qualquer uma daquelas pessoas podia ser a minha próxima vítima. Eu sentia-me um psicopata! Um selvagem! Mas um selvagem sem terra, sem espaço, sem liberdade, sem a sua comunidade. Fazia todo o sentido ser canibal. Pronto a sacar ao próximo a energia que ele a mim me roubava sem lhe pertencer.
Num acto de mero automatismo experimento começar a comer aquilo que tinha pago. Era uma comida feia, desprovida de vontade, de carinho. O estômago estava sensatamente selado e a minha mente tinha o cuidado de fazer com que a imagem, paladar e sabor daquela comida me dessem náuseas. Foi simpático da parte deles.
Decido, finalmente, abandonar aquele espaço.
Saí e segui viagem tentando manter firme a fé no Sakamoto...

Há muito a fazer

Há muito a fazer
Muita coisa sagrada a proteger
Muitos caminhos por construir
Muitos lugares por descobrir
Muita palavra por inventar
Muito colo onde chorar
Muita liberdade por conquistar
Muito amor onde ressuscitar

17/08/2007

a dúvida persegue, pertinente e eficaz.

Traz inseguranças ou faz-nos ser prevenidos?
Cá está ela mais uma vez...
É suposto questionar sempre?Racionalizar a vida?Compreender tudo?
Quando sabemos que o terreno que pisamos está para lá da fronteira das questões e está claramente no campo intuitivo?
Porque é que há coisas que sentimos como erradas apesar de não as conseguirmos encaixar como "más" nos nossos valores?
E se ainda não estamos completamente embebidos na insegurança da dúvida, e conseguimos sentir mal ,como agiremos então?
Parece, por vezes que não há equilíbrio que nos guie.Vacilamos entre pensamentos contraditórios e lá achamos maneira de ir sobrevivendo.
Mas desde quando é que isto é viver ?...Amar?

A infantilidade levou também a segurança.

Hoje tudo parece mais pesado,menos fluído,mais premeditado,menos sentido...



12/08/2007

Com receio, teclo, sem saber o que escrever.
Tem-me acontecido não saber o que escrever, que ao contrário de como andar de bicicleta é uma coisa que se olvida facilmente.
Desleixei-me ainda na aprendizagem...damn!
Mas retomarei, ou pelo menos expôr-me-ei mais um pouquito...Mas esta será uma boa fase.
Livre de academismo, e da influência de saturno, posso escolher qualquer caminho.
Qualquer!



Vamos lá então

06/08/2007

Dia 79



O espaço, fechado, está sem vida, cinzento. Pedaços de memórias jazem podres e esquecidos nas estantes, objectos sem valor e coisas disformes espalham-se pelos cantos deste cinzento escritório. Nem a luz funciona aqui; só um pequeno candeeiro corta com a pesada escuridão que sempre se viveu entre estas quatro paredes. Ao abandono, marginalizado pelos habitantes desta enorme casa; não há decoração, não há cor, não há vida. Aqui fechado, entre o sombrio ambiente que aqui habita, escrevo e sonho com as mais diversas coisas. Sonho com viagens, com pessoas e com cidades; sonho com conversas, com gargalhadas e abraços sinceros; sonho comigo e com a natureza, com a vida e, sempre, com o amor. Estou enjaulado, encurralado neste espaço que me tenta abafar; mas não cedo, tenho os meus desejos e as minhas necessidades, sou colorido e sonhador, sou criativo caralho! Não me conseguem pintar de cinzento, eu não deixo. Pego fogo a esta merda toda se for preciso; mas não me deixo afogar nestas trevas, sou mais forte que um quarto, mais poderoso do que um ambiente, eu estou vivo. Posso estar a rebolar nu pela Pont Neuf com umas botas de cowboy calçadas, posso fazer o amor com três raparigas lindas ao mesmo tempo, posso matar, posso espancar, posso mergulhar e nadar, posso amar e chorar. Aqui eu posso tudo.

27/5/2007 – Domingo – 22:28 – Em Casa.



Ps: como vêem estou prestes a acabar de passar os meus 90 dias para computador (já só faltam 11!), espero acabar esta missão hoje. Como tal decidi deixar este texto aqui no blog. E porquê este? (ninguém me fez a pergunta mas eu gosto de me questionar) Porque achei que representa bem esta "viagem".