Salazar: o maior português de sempre
Pois vejamos... Ridículo, dramático, trágico? Não.... Curioso é o que este resultado é. Pelo menos é isso que deve suscitar depois de sentido o primeiro impacto. Curiosidade. Sentimento dinâmico que estimula a análise e promove a acção.
Como foi dito, e bem, no programa, este resultado pode advir de o facto de as "más motivações" terem a tendência a se mobilizarem mais que as "boas motivações". Que por vezes, e mal, tem uma outra tendência, a de se satisfazerem por si sós e a de se instalarem num conformismo confortável. Pode advir também do facto de as votações entre Alvaro Cunhal e Salazar se terem espicaçado uma à outra até ao último momento. E advém também dum certo descontentamento, um certo mal-estar face ao presente que teve como resposta uma reacção de carácter básico de retorno ao passado, uma revolta...
Ora, então que mal-estar será esse? Porque é que se voltou para o passado? E porque é que se concretizou na opção por duas personagens políticas, e personagens políticas essas que representaram ambas Regimes autoritários? ( Bem diferentes um do outro. E de circunstâncias e influências bem distintas no nosso país. Há que salientar...)
Penso que se deve tentar procurar uma relação entre as diferentes questões que se levantam.
Um homenzinho de quem eu não me lembro do nome que participou no programa desenvolvendo a sua opinião de que o resultado advinha de um mal-estar que se sentia face à nossa actualidade, disse que a privação de liberdade sentida no Estado Novo era tão grave como um velho ser tranquilamente despedido nos dias de hoje. E que a natureza das preocupações políticas com as finanças e com a economia nos dias de hoje não diferia muito das mesmas preocupações políticas no Estado Novo. Eu discordo. Mas lá que dá que pensar dá...
Realmente sente-se uma preocupação política excessiva na economia. E a competitividade passou a ser um chavão que serve para tudo. A bem da competitividade e em reacção ao sentimento de inferioridade que a ela depois é associada, adopta-se programas de desenvolvimento e padrões de vida importados que nada têm a ver connosco e com a nossa identidade e circunstância nacional. E os direitos e seguranças sociais são-nos retirados, mais uma vez, tranquilamente. Em prol do bem comum? E que bem comum é esse? Para onde nos dirigimos? E será que vale a pena o esforço, para esse destino?
Nos meandros da pouca boa sociologia que eu conheço ( conhecendo mais, mas também pouca, má sociologia....) fala-se em crise burocrática, crise de hierarquização dos poderes ou crise de legitimação do poder. Fala-se também em anomia!... E aqui, é claro que o vazio de valores de referência existe, corrói tudo à volta e desorientando as pessoas afasta-as mais que o devidamente necessário.
Logo, o resultado deste concurso sendo negativo não deve por isso ser ignorado ou até subestimado porque penso que está carregadíssimo de significado. Responsabizemo-nos então pela sua compreensão? Porquê esta reacção? Porquê esta revolta? E agora, então, num momento em que podemos achar que não valerá a pena, mais que nunca...
Como foi dito, e bem, no programa, este resultado pode advir de o facto de as "más motivações" terem a tendência a se mobilizarem mais que as "boas motivações". Que por vezes, e mal, tem uma outra tendência, a de se satisfazerem por si sós e a de se instalarem num conformismo confortável. Pode advir também do facto de as votações entre Alvaro Cunhal e Salazar se terem espicaçado uma à outra até ao último momento. E advém também dum certo descontentamento, um certo mal-estar face ao presente que teve como resposta uma reacção de carácter básico de retorno ao passado, uma revolta...
Ora, então que mal-estar será esse? Porque é que se voltou para o passado? E porque é que se concretizou na opção por duas personagens políticas, e personagens políticas essas que representaram ambas Regimes autoritários? ( Bem diferentes um do outro. E de circunstâncias e influências bem distintas no nosso país. Há que salientar...)
Penso que se deve tentar procurar uma relação entre as diferentes questões que se levantam.
Um homenzinho de quem eu não me lembro do nome que participou no programa desenvolvendo a sua opinião de que o resultado advinha de um mal-estar que se sentia face à nossa actualidade, disse que a privação de liberdade sentida no Estado Novo era tão grave como um velho ser tranquilamente despedido nos dias de hoje. E que a natureza das preocupações políticas com as finanças e com a economia nos dias de hoje não diferia muito das mesmas preocupações políticas no Estado Novo. Eu discordo. Mas lá que dá que pensar dá...
Realmente sente-se uma preocupação política excessiva na economia. E a competitividade passou a ser um chavão que serve para tudo. A bem da competitividade e em reacção ao sentimento de inferioridade que a ela depois é associada, adopta-se programas de desenvolvimento e padrões de vida importados que nada têm a ver connosco e com a nossa identidade e circunstância nacional. E os direitos e seguranças sociais são-nos retirados, mais uma vez, tranquilamente. Em prol do bem comum? E que bem comum é esse? Para onde nos dirigimos? E será que vale a pena o esforço, para esse destino?
Nos meandros da pouca boa sociologia que eu conheço ( conhecendo mais, mas também pouca, má sociologia....) fala-se em crise burocrática, crise de hierarquização dos poderes ou crise de legitimação do poder. Fala-se também em anomia!... E aqui, é claro que o vazio de valores de referência existe, corrói tudo à volta e desorientando as pessoas afasta-as mais que o devidamente necessário.
Logo, o resultado deste concurso sendo negativo não deve por isso ser ignorado ou até subestimado porque penso que está carregadíssimo de significado. Responsabizemo-nos então pela sua compreensão? Porquê esta reacção? Porquê esta revolta? E agora, então, num momento em que podemos achar que não valerá a pena, mais que nunca...
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