Conversa de tasca
-Tentar ser tudo, de outra maneira, sem ser narcisicamente? Como? Aonde é que esta gente pertence? Já pensaste nisso? O que é que existe maior que eles? O que é que existe nesta merda de mundo que lhes faça sentido serem apenas o que são? Hein? O que é que lhes pode ser infinito senão eles mesmos? Deus?... Deus está morto, como dizem os filósofos. Mas e a religião, perguntas tu? A religião vende-o, obviamente, de uma forma perversa, colocando-o num altar transcendente, inatingível. Oh, lá estás tu pá, a natureza?... Onde é que ela está, porra? O que é que a minha vida tem de natural? Diz-me lá! A minha, ou a tua? Hein, caralho? Só nos resta fornicar aí que nem coelhinhos. É verdade. Só nos temos uns aos outros, pelo menos é essa a nossa ideia. Mas coelhinhos perversos, o que é que tu pensas? Ah pois é!... Pois cada coelhinho se sente na merda, sozinho, desintegrado, dilacerado, logo, na hora do coito, o coelhinho não fornica apenas a coelhinha, come-lhe a cabeça, chupa-lhe o coração. Ou o inverso, a coelhinha faz o mesmo ao coelhinho.
-Eh pá, pára lá com essa merda!
-Não pára nada. É o que dá meter coelhinhos em cativeiro...
-Eh pá, pára lá com essa merda!
-Não pára nada. É o que dá meter coelhinhos em cativeiro...
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home