27/09/2010

Cada vez falo menos

Falo pouco. Cada vez falo menos. É precioso o que tenho.
Poderão querer pilhar, não sei.
Só sei que não se pode sujar, nem sequer se assustar.
-Falem baixo, não admite o ruído!
Aproximam-se.
-Dêem-me espaço, não abdicarei dele neste momento. É tempo de semear.
-Mas eu...
-Mas, nada! Acabou-se a compaixão.
O tempo de criação é tão cruel e brutal como o de seu irmão mais novo.
Olhos sérios e brilhantes na alcova, cabelos suados, carícias não pesadas.
Sonhos ressuscitados.
Voz colocada, movimento intencionado.
-O que levas aí?
-Nada.
-Como, nada?
-É meu...