19/09/2010

A arte vista como consumo

A arte é merda quando digerida como serviço. O espectador, o consumidor de arte são um erro no rumo da história, uma anormalidade de percurso, uma fragilidade a evitar. O aprendiz e a arte na visão budista são outra coisa.
Porque o único verdadeiro espectador que existe é o próprio artista e só o é enquanto o acto de criar dura, depois da peça de arte finalizada esta imediatamente morre e, deve morrer, e o artista também, devendo sofrer assim a inevitável e sã metamorfose.
É claro que esse artista pode ter amigos e inimigos dignos desse mesmo título. Mas só amigos e inimigos, não espectadores. Isso não! Parasitas não! Esses espectros vampirescos que hoje constituem multidões. Nem parasitas nem mártires que é o que acontece ao artista se compactua nesse enfermo contrato de manutenção do espectáculo e não permite que o caminho saudável da criação prossiga, pervertendo-o gravemente.

Já o agostinho da Silva dizia: "Escreve sempre mais do que lês".
Claro que esta sua afirmação deve ser lida como metáfora porque nem todos somos nem devemos ser escritores. Mas a metáfora serve muito bem a sua ideia: Vive mais do que lês. Ou até, e mais explícito, vive mais do que amas.