18/08/2008

De comboio pela europa ( Capítulo 2)

Depois de ontem ter visto um conjunto de tabletas de madeira, à porta de uma casa campestre de Bohinj, a indicar a distancia a que nos encontrávamos de várias cidades europeias desde aquele ponto preciso, percebi como estávamos definitivamente muito longe da nossa terra. Engraçado que de todas as inscrições que marcadas, e eram umas quinze, a nossa era a cidade mais distante: Lisbonera, 1900km.
Agora, numa estação de comboios perto de Bled na Eslovénia, Lesce-Bled, assimilo esta distancia de uma forma que ainda não me tinha atingido. Miúdos estranhos rodeiam-nos, labregos mesmo, espalham-se por esta esplanada colada aos carris. Arrotam, também as miúdas, falam alto e dão valentes murros na mesa, e agem de uma forma completamente brejeira. Incomodam um bocado mas também me rio com isto tudo. Sinto-os atrás de mim, personagens de um mundo totalmente diferente do meu, e bebo a minha quarta garrafa de cerveja consecutiva, sob um calor intenso, enquanto observo as gigantes montanhas que se erguem do meu lado esquerdo, lá ao fundo depois dos sujos armazéns e das longas planícies. Sinto-me verdadeiramente, e por fim, livre nos confins desconhecidos do estrangeiro.

Lesce-Bled, 27/7/2008, 16:03