15/01/2008

A minha Terra

-"Portugal devia ser uma região espanhola"

É algo que me irrita profundamente.
Todos os ditos que com este estão relacionados.
Cultura também herdada de um cínico, hipócrita e ignorante estrangeirismo por parte dos numerosos estrangeirados. Uma cultura que esconde a cobardia de quem se põe de lado, de quem se abstém, de quem abandona o seu caminho.
Apenas foge, contudo, altivo e sem vergonha, minando com ignorante escárnio e mal dizer toda a sua terra.
Tornando-a infértil. Seca, pelo complexo de inferioridade, estéril, pela confusão e pelo abandono.
Pois bem, este indivíduo renuncia a algo que está naturalmente impossibilitado de renunciar.
Ser português faz parte dele. Renunciar a isso é renunciar à sua natureza. Ou à reconciliação com ela. É renunciar a parte de si mesmo. Uma grande parte. É perder a ligação à Terra, a ligação ao Outro, a ligação à História. É perder tanto...
E muitas vezes a favor da ilusão de classe, de elite. Pôdres...
Mentes de vôos rasos.
O que é isso, ao pé de uma nação?
A ideia de povo, de uma cultura, de um saber estar, um saber pensar, um saber sentir que ao longo da história evoluiu e aprendeu e tanto nos tem a ensinar.
Como ignorar as fachadas típicas das nossas ruas, a maneira de falar, ora rude, ora ternurenta.
As árvores que presenteiam as nossas cidades, as nossas aldeias, a Oliveira, o Carvalho, o Pinheiro manso. A montanha e o mar imenso e o povo forte e sábio que foi forjado no meio de tão bela e elegante contemplação. O poeta analfabeto. A música. A poesia. A porcelana. A poesia na porcelana. Os azulejos. A dança... A dança do nosso território. As ruas que serpenteiam colinas. Sei lá!
Tudo isto que sabemos que faz parte de nós.
Este inconsciente colectivo que é nosso visceralmente.
Que o merecemos.
E que temos obrigação de o preservar e também de o fecundar coonnosco!
E como nosso, então, amemo-lo. Ou odiemo-lo, tudo bem.
Vicissitudes incontornáveis de uma caminho inevitável.
Nietzche odiava a Alemanha. Convictamente. Não se abstinha. Odiava.
E já é preciso muito amor, ou pelo menos, muita vontade de amar para odiar algo.
Eu tento amar Portugal como me tento amar a mim mesmo.
Se tem sido fácil ou não é uma questão irrelevante.

1 Comments:

Blogger Ernesto said...

bis bis

7:40 da tarde  

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