03/04/2006

Descida

Aproximo-me da terra para me despedir dela, flito as pernas e acumulo toda a tensão que as minhas forças permitem, sinto o calor que vem do chão e peço-lhe que se torne minha energia. Fecho os olhos, preparo-me para saltar. Fechado em mim mesmo vou partir, vou saltar. E assim, num único movimento estico as pernas na direcção das costas, estendo os braços ao longo do corpo, abro os olhos, estou a voar. Atinjo uma velocidade inimaginávél, todo o meu corpo carbura os seus limites e vibra, cada segundo estou mais longe, e mais longe quero estar.
Abrandei e agora plano, como se adormecido me deixasse levar
Sinto agora o calor do corpo e o frio de voar, é um frio que corta e condiciona os movimentos, mas um frio que não me gela nem arrepia, que apenas me mostra que sinto e que sou. Uma dor que não dói, uma dor que rodeia mas não prende.
Se o meu corpo me permitisse, voava, desfrutava da vertigem, do medo de morrer e abusava deles, procuro sensações mas fortes do que as que partem do meu interior, preciso de viver, de usufruir da minha liberdade, de me sentir leve e pesado mas dominar a inconstância do meu ser. De me dominar, de ter poder sobre mim mesmo, e por um tempo não deixar que os outros me afectem.

3 Comments:

Blogger Tomás Machado said...

simplesmente fantastico! lagrimas brotaram da minha face como a chuva cai do ceu!estou maravilhado e inspirado.

5:18 da manhã  
Blogger Garcia said...

França já estas a escrever bem demais. Pára com isso! Espera por mim....

8:09 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Where did you find it? Interesting read »

10:21 da manhã  

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