03/03/2006

Espero ter reparado

Sinto-me inteiro, consciente da minha natureza. Sinto a vida a latejar em todo o meu corpo, pois eu a ela me abro e a nada tento resistir no experienciar dessa relação.
Estou vivo e sinto-me apto.

Mas, no entanto, imprevisivelmente e quase ilogicamente abateu-se sobre mim uma estranha e enorme decepção, uma infinita solidão. Tudo isto me parece uma gigante traição.
-Em que é que eu errei, ah? Em que é que eu errei desta vez?...
Já estou a ficar mouco por causa da dor que me obriga a ficar rouco. Grito e grito desesperadamente.
-Traíste-me cabrão! Sim tu, Ó grande. Não te chega tudo isto, este meu eu, não te chega? Traíste-me...
Naturalmente não recebo resposta. Então caio sobre mim mesmo em direcção ao chão e o cansaço obriga-me a olhar para dentro. Não sei o que me aconteceu, mas sei que não o aguento muito mais tempo. É vital uma mudança. O estado é insustentável. Nem tenho escolha, algo vai ter que acontecer.
Desfeito, levanto-me, mais uma vez desconfiado da verdadeira utilidade desse acto, sacudo a poeira da roupa, respiro fundo, limpo as lágrimas e levanto, por fim, a cabeça. Preparo-me para continuar. E, então, apercebo-me que vim parar ao bairro dela, em frente à porta dela...
Esta desesperada e desgovernada caminhada acabou por me trazer aqui. Porra, será que foi por acaso? Por acaso ou não tenho certamente de o saber. E começo a correr...
Quem me viu reparou que eu sorria, de novo. Espero também ter reparado...

1 Comments:

Blogger Arnaldo Icaro said...

agora há que esperar...pois a brisa acabará por te encontrar neste desgovernado vendaval.

ps: : )

1:07 da tarde  

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