Hoje abracei-me
Hoje acordou com má cara. A sua entrada na cozinha foi a de um estranho envergonhado.
Dormiu mal, certamente.
Aquele sono que por vezes o assombra: um sono ansioso. Ansioso por acordar, não por dormir. Um sono com o peso do arrependimento e o ruído da culpabilidade.
Depois de algumas expressões de submissão com o intuito de me cativar, de cortar o silêncio, de me distrair dele mesmo falou-me do seu cão...
"O grande e fabuloso Calvin". "Uma pessoa autêntica" nas palavras dele. E lembrou com saudade a imensa companhia que este lhe fez em tempos difíceis.
Chorou de saudade...
Era um grande cão, sem dúvida alguma, mas o choro não era só reservado a essa personagem, tinha outros motivos. Era mais profundo e era principalmente um choro de vergonha.
Nem me deixava apreciar-lhe as lágrimas, apressava-se a limpá-las mal elas acabavam de brotar.
A certa altura o choro cessa e ele dá liberdade a um belo grito brutal, abre os olhos ainda vermelhos e fixando-me no olhar abraça-me.
Abraça-me com força voltando a chorar e finalmente descansa em mim...
Acaba retomando a conversa sobre o Calvin, mas, agora, já sem saudade, com alegria talvez. E despede-se agradecido.
Dormiu mal, certamente.
Aquele sono que por vezes o assombra: um sono ansioso. Ansioso por acordar, não por dormir. Um sono com o peso do arrependimento e o ruído da culpabilidade.
Depois de algumas expressões de submissão com o intuito de me cativar, de cortar o silêncio, de me distrair dele mesmo falou-me do seu cão...
"O grande e fabuloso Calvin". "Uma pessoa autêntica" nas palavras dele. E lembrou com saudade a imensa companhia que este lhe fez em tempos difíceis.
Chorou de saudade...
Era um grande cão, sem dúvida alguma, mas o choro não era só reservado a essa personagem, tinha outros motivos. Era mais profundo e era principalmente um choro de vergonha.
Nem me deixava apreciar-lhe as lágrimas, apressava-se a limpá-las mal elas acabavam de brotar.
A certa altura o choro cessa e ele dá liberdade a um belo grito brutal, abre os olhos ainda vermelhos e fixando-me no olhar abraça-me.
Abraça-me com força voltando a chorar e finalmente descansa em mim...
Acaba retomando a conversa sobre o Calvin, mas, agora, já sem saudade, com alegria talvez. E despede-se agradecido.
21 Comments:
Precisas de abraçar alguém...
Não estou a discordar.
Mas se vens como anónimo tens que ter mais distanciação. Mais respeito até, se calhar. É um conselho... Se não vieres como anónimo. Aí, tudo muda. Já agora, lê o episódio da flauta no Hamlet. É possível que te seja útil...
também aconselho o episódio da flauta a este anónimo, boa sugestão garcia.
Qual é a diferença de assinar como anónimo ou como Garcia?
Quanto ao conselho, vou pensar nisso. Em relação à flauta, só se for para substituir o meu vibrador.
Vais perceber qual é a diferença se leres o episódio. O vibrador espera...
Ando sem vontade de ler... Gosto dos teus textos, porque estão longe da literatura.É como ler a Caras.
Eh pa! Agora deixaste-me curioso face aos teus textos. Não acredito que isso seja tudo presunção e arrogância...
Cansei de ser anónima...Passo então a apresentar-me: Mariana Raposo, às suas ordens. Vim parar a este blog, por ter ouvido um amigo de um amigo a dizer que um amigo de um amigo tinha um blog e até escrevia bem...
Muito prazer!
Muito prazer Mariana Raposo!
O amigo do amigo de um amigo que é amigo do teu amigo trouxe-te até aqui e por aqui permaneceste por um bom bocado.E por isso agradecemos-te.
Agradecemos também o facto de finalmente te teres identificado (não que isso nos mostre quem és mas sempre é melhor que um cinzento e distanciado "anónimo") e agradecemos que, de agora em diante, te continues a identificar quando comentas.
Agradecemos, por fim, que nos dês o privilégio de ter aqui comentários criticos mas construtivos, coloridos e não cinzentos.
Que sejas bem-vinda então.
Arnaldo
Obrigado teu charme. Quanto ao cizentismo , não sei se o consigo moderar. Em relação aos comentários coloridos, serei obrigada a dispensar. O meu coração é daltónico.
P.s - Onde moram?
Esquece as cores então
Foca-te nesta parte:
"Agradecemos, por fim, que nos dês o privilégio de ter aqui comentários criticos mas construtivos"
Eu moro em Caxias e o Garcia em Sassoeiros
tu moras onde? (já agora..)
Moro na graça, ao pé do miradouro..
é um previlégio viver aí!Esse miradouro é fabuloso...
um dos textos que aqui tenho no blog (o "finalmente") foi escrito precisamente aí, num dia em que errei pelas ruas de lisboa sozinho.
suponho que passes momentos bem mágicos por lá (caso o teu coração não seja realmente daltónico claro)
Tenho dias. Mas, de facto,é uma zona mágica. Em que mês escreveste o " finalmente " ?
o post esta no dia 8 de março deste ano,mas afinal não o escrevi na graça. escrevi-o no dia seguinte a esse dia em que fui para a graça e etc. os textos desse dia estão só em papel..
ps: só por curiosidade, não tens um blog?
Em tempos, prosei sobre pintura e fotografia para um blog de cariz surrealista.
Hoje, a minha relação com a blogoesfera é fugaz...
P.S- Finalmente encontrei o teu texto
gostava de ver algo teu, apesar de não saber quem és.
Desculpa só responder agora, mas estive fora no fim-de-semana Em relação à minha escrita, conhecê-la-ás em breve. Mas façamos desta nossa relação um momento orgânico.
P.S - Garcia: O gato comeu-te a língua?
Beijos.
Não. Nada disso, Mariana. Estava numa de observador.
Mas, então, venha lá essa escrita.
"Venha lá, a Mariana."
E não te preocupes com os meus comentários... Mesmo depois de toda esta "picardia" prometo que a minha resposta será gentil.
Bjs
Pedro meu irmao gostei mt deste texto, mt mesmo, tás lá ;)
Os jovens k escrevem nos comments também escrevem bem...
Com tal diplomacia, meio sarcástica/irónica interessante divertido até ler eles...
Ser simples para poder ser um pouco de tudo tudo...
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