05/01/2006

Onde está o norte?

Estou perdido na floresta...
Corro, corro e corro, em pânico, entre silvas, heras sufocantes, e ramagens de todas as espécies que me dificultam o campo de visão.
Cada pequeno vislumbre de um novo trilho, entre estas trevas naturais, é um vislumbre assustador, escuro, sinuoso, desconhecido, e com o qual não me identifico.
Estou cansado, e o pânico e a ansiedade trazem a fraqueza física e e a moleza de espírito.
Já nem sei onde está a minha bússola. Como me poderei orientar?
Onde estou no meio da floresta nem um único raio de sol vence este manto de escuridão.
Continuo a correr!...
Tropeço, desequilibro-me, sangro...
Abrem-se feridas profundas no meu corpo.
E as ramagens que as provocaram são venenosas.
Já estou tonto.
Deve ser do veneno...
Estou perdido no meio da floresta,
e aos poucos e poucos perco-me de mim mesmo.
E é isso que mais me assusta!
Mergulhado nesse pensamento, distraio-me.
E ao desleixar-me vou com a cabeça direita a um gigante tronco de árvore.
Daqui já não passo!...
Estou a sangrar violentamente.
Sinto-me a desmaiar.
Mas nos últimos momentos de ânimo vital que antecedem o desmaio dá-se um contacto com a minha energia mortal.
E aí, num impulso louco e inconsciente de sobrevivência humana, ganho intencionalmente esperança no acordar.
Deixo-me, então, ir...
Acompanhado, agora, por uma estranha sensação de que sei para onde está o Norte.